JornalDentistry em 2024-5-18

ARTIGOS

Estudo constata que o Bruxismo é uma condição recorrente entre pessoas com transtorno de stresse pós-traumático

De acordo com um artigo publicado na revista Clinical Oral Investigations, pessoas que sofrem de transtorno de stresse pós-traumático (TEPT) frequentemente relatam apertar ou ranger constantemente os dentes durante o dia, uma condição conhecida como bruxismo acordado (ou diurno).

 

A sua prevalência na população geral varia de 8% a 30%.

O estudo, que incluiu exames clínicos de 76 pacientes e controles, destaca a importância da colaboração de médicos dentistas e psiquiatras para diagnosticar ambos os problemas de saúde com mais precisão.

O TEPT foi diagnosticado pela primeira vez nos Estados Unidos entre veteranos de guerra, mas desde então também foi reconhecido em vítimas de violência urbana. Estima-se que cerca de 4% das pessoas expostas a eventos violentos ou acidentais, como combate, tortura, morte iminente, balas perdidas, desastres naturais, ferimentos graves, abuso sexual, sequestros e assim por diante, tenham TEPT.
“Considerando que mais da metade da população da região metropolitana de São Paulo, Brasil foi exposta a algum tipo de trauma urbano, proporção comparável à das populações em áreas de conflito civil, é muito importante compreender as possíveis manifestações psicológicas e físicas do TEPT, que pode durar anos após o trauma", disse Yuan-Pang Wang, penúltimo autor do artigo e pesquisador do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).
Os sintomas do TEPT incluem flashbacks recorrentes, estado emocional negativo, comportamento autodestrutivo, sono perturbado com pesadelos e dissociação (alteração da consciência, memória, identidade, emoção, percepções do ambiente e controle do comportamento), entre outros. Não houve muitos estudos sobre dor orofacial e bruxismo como sintomas de TEPT.
Neste estudo, pacientes com diagnóstico de TDSP no Instituto de Psiquiatria da FM-USP foram submetidos a exame clínico para avaliação de saúde oral. Segundo os pesquisadores, além do bruxismo autorrelatado, eles também apresentaram menor limiar de dor após o exame.
“Não foi constatado que a higiene oral esteja associada ao problema”, disse Ana Cristina de Oliveira Solis, primeira autora do artigo. “O exame periodontal, que incluiu a medição da placa bacteriana e do sangramento gengival [ou sangramento à sondagem], mostrou que os pacientes com TEPT e os controles tinham um nível semelhante de saúde oral. No entanto, os pacientes com TEPT apresentaram mais dor após a sondagem”.

Tratamento multidisciplinar
Segundo os pesquisadores, o bruxismo não é mais considerado um sintoma isolado, mas é visto como evidência de um problema maior. “Nosso estudo mostrou que o TEPT pode se manifestar por via oral, no bruxismo e em um maior nível de dor após um exame clínico odontológico. Isso requer uma ação conjunta de psiquiatras, psicólogos e dentistas na triagem e tratamento de ambas as condições de saúde”, disse Solis.
Os dentistas devem levar em consideração a dor autorrelatada pelo paciente durante os exames clínicos e considerar a possibilidade de o paciente ter problemas psiquiátricos não diagnosticados.
“Se o paciente passou por uma experiência traumática, pode ficar com vergonha de falar sobre isso ou procurar um terapeuta. O hábito de ir ao médico dentista, por outro lado, é muito mais comum e frequente. instrumentos devem ser usados ​​no atendimento de rotina ao paciente, e os pacientes devem ser aconselhados a procurar assistência terapêutica", disse ela.
Os psiquiatras podem perguntar aos pacientes com TEPT sobre sintomas orofaciais, como bruxismo, dores musculares e dores nas articulações temporomandibulares e, se necessário, encaminhá-los ao dentista para que seja realizado tratamento multidisciplinar e melhorada sua qualidade de vida.

 

 

Fonte: MedicalXpress / FAPESP

Foto: Unsplash/CCO Public Domain

 

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