JornalDentistry em 2023-5-29
Investigadores norte-americanos identificaram uma nova métrica para articular a relação entre a densidade nervosa e o cancro oral.
O estudo, realizado por investigadores do Rogel Cancer Center da Universidade de Michigan e da Escola de Odontologia, e publicado na Clinical Cancer Research, investigou a densidade nervosa normalizada para traduzir estudos mecanísticos anteriores num contexto que poderia ser usado na clínica.
"Estamos a reconhecer cada vez mais que há uma interação muito dinâmica entre nervos e células cancerígenas no microambiente tumoral", disse o autor Dr. Nisha D'Silva.
A equipa analisou a forma como a densidade dos nervos dentro de um tumor se relacionava com o crescimento do mesmo. A cavidade oral tem várias regiões, cada uma com funções diferentes. A forma como cada área recebe os nervos é distinta; os nervos no interior da bochecha têm um papel diferente e são menos do que os nervos na língua. Dadas estas variações, olhar para a densidade nervosa do tumor sem considerar a inervação normal das diferentes áreas da cavidade oral e a variação de cada indivíduo para avaliar se um tumor é agressivo resulta num quadro impreciso.
Para explicar isto, a equipa criou uma métrica padronizada para a densidade nervosa para esclarecer a variação na distribuição dos nervos na cavidade oral, chamada densidade nervosa normalizada, e mostrou a sua importância na progressão tumoral. A maior parte do trabalho foi feito com tecido humano, com a equipa a validar os resultados através de ratos, recorrendo a tecido adjacente para comparar e determinar uma densidade "normalizada" para diferentes regiões da cavidade oral.
"Mostramos que tumores com alta densidade nervosa normalizada parecem estar associados a baixa sobrevida para pacientes com cancro de língua, que é o tipo mais comum de cancro oral", disse o Dr. D'Silva.
"Também descobrimos que pacientes com alta densidade nervosa normalizada e uma distância menor entre o nervo e o tumor têm piores resultados". Além disso, a equipa explorou o uso de inteligência artificial (IA) para medir a densidade nervosa normalizada, o que poderia facilitar o uso dessa métrica na prática clínica.
Um desafio no tratamento de cancros da cavidade oral é a sua tendência para recorrer.
"A questão é: como procurar fatores que possam contribuir para a progressão? Como é que se poderá usar as características nervosas para descobrir quais cancros que se comportarão de forma mais agressiva?", afirmou o Dr. D'Silva, acrescentando que se os investigadores puderem descobrir quais os cancros que provavelmente serão mais agressivos desde o início, poderão tratar esses tumores de forma mais agressiva desde o início. A densidade nervosa normalizada fornece aos investigadores outro ponto de dados para determinar o melhor curso de tratamento.
Fonte: Oral Cancer Foundation / www.bitemagazine.com.au
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