Crónica de Fernando Arrobas, MD.

RELEMBRAR SANTA APOLÓNIA

São vários os estudos e a literatura publicada que alertam para a importância da sensibilização de médicos dentistas, higienistas orais e assistentes dentárias sobre esta realidade. Estes profissionais encontram-se na primeira linha de intervenção e deteção de sinais de violência numa fase inicial, uma vez que a zona da cabeça e pescoço é, frequentemente, a mais agredida.

- Ilustração: Diogo CostaCrónica Fernando Arrobas, MD

A formação em temas como distinção entre lesões acidentais e não acidentais, condução de questionários clínicos em perfis sociológicos
mais suscetíveis e saber como atuar neste tipo de situações poderia ajudar a salvar milhares de vítimas.
Se dúvidas ainda existissem da importância da medicina dentária no combate à violência, basta lembrar a história da sua padroeira. Recusando-se a renunciar a sua fé cristã, Apolónia de Alexandria foi agredida violentamente até
que se fraturassem os seus maxilares e os respetivos dentes.
Em seguida, dirigiu-se, pelo próprio pé para a fogueira com a qual a ameaçavam. Canonizada no ano 300, a Igreja Católica romana celebra a festa litúrgica de Santa Apolónia, anualmente, a 9 de Fevereiro e são vários os espaços sagrados no Mundo onde se encontram os restos mortais
da sua dentição e mandíbula. Popularmente invocada contra as dores de dentes, raramente se lembra, porém, o seu suplício.

Fernando Arrobas, MD.
fernando.arrobas@jornaldentistry.pt
Ilustração: Diogo Costa
dcosta_4@msn.com