O JornalDentistry em 2021-3-23

ARTIGOS

Um novo tipo de reciclagem: Encontrar novos usos para medicamentos já conhecidos

Pesquisadores da Tokyo Medical and Dental University (TMDU) descobriram potenciais novas estratégias terapêuticas para carcinomas orais e esofágicos

Descobrir e tratar tumores antes que se espalhem pelo corpo é fundamental para que os pacientes com cancro alcancem resultados positivos. Quando as células tumorais se espalham, que é conhecida como metástase,  podem tomar conta de outros órgãos e levar à morte. Carcinomas orais e esofágicos, ou cancros da boca e garganta, frequentemente geram  metástases para os linfonodos. Infelizmente, atualmente não existem terapias específicas para o tratamento desses cancros específicos. Pesquisadores da Tokyo Medical and Dental University (TMDU) identificaram vários medicamentos que podem ser usados para tratar carcinomas orais e esofágicos.

Num artigo publicado na Molecular Cancer Research, um grupo de pesquisadores da TMDU descobriu que a combinação de duas drogas, pitavastatina e capmatinib, inibiu a viabilidade das células cancerígenas orais em cultura, assim como o crescimento de tumores em cobaias.

Embora o carcinoma esofágico seja o sexto cancro mais mortal em todo o mundo e seja relativamente bem compreendido a nível molecular, a pesquisa não se focou num  desenvolvimento terapêutico específico. Devido a essa necessidade urgente, o grupo TMDU se interessou-se pela redefinição de medicamentos, onde um medicamento aprovado para uma determinada doença pode ser usado para tratar efetivamente outra  indicação adicional. Esse conceito acelera significativamente o processo de descoberta e desenvolvimento de medicamentos, aumentando o número de pacientes que podem  beneficiar-se de uma processo terapêutico já estabelecido.

"A redefinição de medicamentos pode ser extremamente útil para descobrir tratamentos eficazes para doenças sem terapias aprovadas", diz o autor principal do estudo Tomoki Muramatsu "Iniciamos esse processo de carcinomas orais e esofágicos através da triagem de uma biblioteca de medicamentos aprovada pela FDA".

Os pesquisadores realizaram o rastreamento de drogas numa linha de células de cancro oral altamente metastática. De um modo geral o medicamento  pitavastatina  reduziu o crescimento dessas células de forma mais significativa. Através da análise molecular, determinaram que a pitavastatina agiu inibindo uma via celular chamada sinalização MET. Por causa disso, os pesquisadores adicionaram uma segunda droga inibidora de  MET, conhecida como capmatinib.

"A combinação da pitavastatina com o capmatinib resultou numa redução ainda maior no crescimento das células cancerosas", descreve o autor sénior Johji Inazawa. "Capmatinib por si só não teve efeito sobre as células cancerosas, mas sinergizou com a pitavastatina."

Os pesquisadores  injetaram então  células cancerígenas em ratos para gerar tumores e observaram um efeito semelhante com a combinação pitavastatina e capmatinibe.

“Os nossos resultados em ratos corroboraram as nossas descobertas in vitro", diz Muramatsu. "Os dados sugerem que a sinalização MET pode ser um alvo terapêutico valioso nesses tumores."

O estudo também identificou um potencial biomarcador para esses cancros específicos – um gene chamado GGPS1. Os níveis de expressão deste gene podem correlacionar-se com a capacidade de resposta do paciente à pitavastatina. Este trabalho fornece conhecimento que pode ser vital para a identificação terapêutica dessas doenças devastadoras.

 

Fonte: Oral Cancer Foundation / www.eurekalert.org

Artigo publicado pela Oral Cancer Foundation

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