O JornalDentistry em 2017-2-23
Estudo internacional publicado na revista Nature Genetics, descreve várias variantes genéticas associadas à suscetibilidade ao cancro na cavidade oral e faringe.
O achado mais notável foi uma associação entre cancro orofaríngico e certos polimorfismos (versões alternativas de uma dada sequência de DNA) encontrados na região genómica do antígeno leucocitário humano (HLA).
As HLAs, proteínas encontradas na superfície da maioria das células do corpo, desempenham um papel importante no reconhecimento de potenciais ameaças e para desencadear a resposta imune às substâncias estranhas.
De acordo com Eloiza Helena Tajara, professora da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), no Estado de São Paulo, e coautora do artigo, um grupo específico de variantes nesta região, localizada no cromossoma 6, é associado com proteção reforçada contra o cancro orofaríngico causado pelo vírus do papiloma humano (VPH).
O estudo foi coordenado pela Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC) e envolveu 40 grupos de investigação na Europa, Estados Unidos e América do Sul. Os participantes brasileiros são membros do Projeto Genoma Cabeça e Pescoço (GENCAPO), um consórcio de cientistas afiliados a várias instituições.
Num estudo recente, GENCAPO avaliou mais de 7 milhões de variantes genéticas em amostras de 6.034 pacientes com cancro de cabeça e pescoço. Os casos incluíram 2.990 tumores de cavidade oral, 2.641 tumores orofaríngicos, 305 tumores na hipofaringe e 168 tumores em outras regiões. A população do estudo também incluiu amostras de 6.585 pessoas sem cancro como controles.
Os pesquisadores detetaram oito loci (sítios genómicos) associados à suscetibilidade a esses tipos de tumor. Sete não tinham sido anteriormente ligado ao cancro da boca ou garganta.
O estudo concentrou-se na análise do tumores, da cavidade oral e orofaringe porque não existem estudos de associação dos genoma destes dois tipos de tumores. Embora esses cancros sejam predominantemente causados pelo consumo de tabaco e álcool, a importância do VPH, particularmente o VPH16, como causa do cancro orofaríngico tornou-se mais evidente nos últimos anos.
No artigo, os pesquisadores observam que a proporção de casos de cancro orofaríngico relacionados com o VPH é estimada em aproximadamente 60% nos EUA e 30% na Europa, e menor na América do Sul.
O forte aumento dos casos ligados ao HPV nos EUA pode ser parcialmente devido a uma mudança nos hábitos sexuais, especialmente no que se refere à prática do sexo oral.
Estudos anteriores já mostravam que os cancros de cabeça e pescoço associados ao VPH afetam jovens e desenvolvem-se rapidamente. Em contrapartida, os casos associados ao consumo de tabaco e álcool, bem como a má higiene oral são mais prevalentes em pessoas com mais de 50 anos de idade e progridem mais lentamente e são mais difíceis de tratar.
Além do DNA em amostras de tecido retiradas de participantes do estudo, também foram recolhidos dados sobre fatores ambientais e clínicos possivelmente associados ao desenvolvimento desse tipo de cancro como tabagismo, consumo de álcool e idade.
Fonte: Oral Cancer News Compiled by the Oral Cancer Foundation
Artigo completo: "Genetic-variants-are-associated-with-susceptibility-to-mouth-and-throat-cancer"
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