O JornalDentistry em 2016-5-25

CONVIDADOS

Crónica Fernando Arroba, MD.

A idade de Tutankhamon

Não existe nenhum lugar mais distante e difícil de alcançar do que o passado. Cabe então às ciências históricas e arqueológicas a compreensão dos dados que foram sendo deixados, reconstruindo-se assim épocas, costumes e civilizações.

Foi no Outono de 1922, após vários anos de escavações no quente deserto egípcio,
que o arqueólogo britânico Howard Carter encontrou um dos tesouros mais
inimagináveis da história da humanidade: a quebra do selo do túmulo do faraó
Tutankhamon. Até então nunca um escavador no Egipto se tinha deparado com
tamanha riqueza de materiais e informações por explorar. Leitos cerimoniais, estátuas, objetos de rituais ou da vida quotidiana do defunto e o sarcófago com a múmia do jovem rei. Este acontecimento despertou de tal forma a curiosidade de todo o
mundo que ainda hoje o público anseia maravilhado por novas notícias acerca das descobertas sobre este faraó anteriormente
desconhecido.
Ao longo dos últimos quase cem anos têm-se multiplicado as teorias sobre a vida de Tutankhamon. Entre os vários desafios dos que continuam a dedicar o seu tempo ao estudo dos achados deste túmulo, permanecem dúvidas sobre os costumes da época, sobre a causa da sua morte ou sobre a sua idade.
Doença de Kohler, malária crónica, acidente de carruagem ou tese de assassinato são algumas das causas que têm sido apontadas para a sua morte. No entanto, a principal interrogação tem-se prendido com o facto de ter morrido aparentemente numa idade muito jovem e, como tal, existem também incertezas sobre com que idade terá subido
ao trono.
Como é sabido, um dos principais métodos de estimativa da idade é o exame dentário. Assim, uma das poucas pessoas
que teve a oportunidade de tocar na múmia de Tutankhamon foi James E. Harris, professor jubilado de ortodontia da Universidade de Michigan. Fê-lo em 1976 a propósito de um projeto de radiografias e cefalometrias aos crânios dos
antigos faraós que acabou por fazer parte dos documentários Private Lifes of the Pharaos - The Fall of the House of Tutankhamon e Secrets of the Pharaos – Tut’s Family Curse. Segundo o relato de James E. Harris, o jovem Tut tinha os
dentes perfeitos, mas não apresentava a tenra idade de um adolescente de 18 anos, como lhe era atribuída anteriormente.
Tinha os traços finos de um jovem, mas de alguém com 21 ou 22 anos de idade. Tal sugestão proporcionou, a partir daí, uma visão nova e diferente sobre a curta estadia na Terra deste faraó: Tutankhamon tornou-se, de facto, rei em menino, mas
já era um adulto jovem quando faleceu.
 
Auror da Crónica:

Fernando Arrobas, médico dentista  -   fernando.arrobas@jornaldentistry.pt

Ilustração:

Diogo Costa  -  dcosta_4@msn.com

 

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