O JornalDentistry em 2019-9-15

CONVIDADOS

SPEMD comemora cem anos num congresso onde o ensino convencional "não está morto"

A estomatologia e a medicina dentária entraram já há alguns anos numa fase extremamente dinâmica em termos de formação científica pós-graduada que, em Portugal, tal como na generalidade dos países desenvolvidos, é muito diversa e atraente.

João Carlos Sampaio Fernandes, Professor Catedrático da FMDUP

Esta formação pode ser feita de várias formas, nomeadamente presencial ou à distância, individual ou em grupo, exclusivamente teórica ou com componente prática (quer em modelos, quer em pacientes), em tempo parcial ou integral. 

Assume diferentes formas, como congressos de diferentes dimensões, cursos, seminários de discussão, grupos de discussão online, e outras. Hoje em dia, todas estas formas de ensino têm por base o emprego mais ou menos intensivo das novas tecnologias. Dividi-las em ensino convencional ou ensino baseado nas novas tecnologias é ambíguo e  assume muitas vezes a forma de publicidade enganosa. Os anúncios da morte do ensino convencional da medicina dentária têm sido vários. De facto, a ânsia de tornar a aprendizagem atraente levou a que o ensino seja hoje um conceito difuso, pouco consensual e até contraditório. 

A formação pré-graduada (mestrado integrado de cinco anos) não consegue, nem é seu objetivo, dar formação completa e intensiva em todos os aspetos da medicina dentária, nomeadamente em alguns mais recentes e que estão mais divulgados e são muito atrativos. O ensino convencional deste grau não pode menosprezar aspetos mais comuns e básicos, mas fundamentais para a prática clínica generalista, a compreensão futura e a aprendizagem contínua. 

A formação pós-graduada de longa duração, em diferentes áreas, tal como é ministrada nas faculdades e noutras instituições de ensino, consegue formar aprofundadamente os estudantes também nestes aspetos mais inovadores, mas o número de ingressos é sempre mais reduzido do que as necessidades e a procura. 
Assim, a necessidade de formação alternativa à formação presencial de longa duração é evidente, tendo em conta o desenvolvimento vertiginoso das tecnologias e a crescente necessidade de tratamentos muito elaborados e específicos, com qualidade. 

O facto de a formação online poder ser privada e individualizada, de horário livre, e de possibilitar a escolha dos temas e o acesso a formadores de todo o mundo, torna-a muito atraente. Outros aspetos positivos são a comodidade de não necessitar de deslocação, o que facilita a vida profissional, pessoal e familiar. 

No entanto, alguns dos seus aspetos menos positivos não devem ser menosprezados: falta de contacto pessoal com professores e outros formandos; impossibilidade prática de correção de erros ou dúvidas na hora certa; individualismo e não dar formação nos aspetos muito importantes das relações interpessoais e interprofissionais; dependência total do próprio ritmo de aprendizagem; necessidade de conhecimentos prévios para selecionar as áreas a estudar, etc. 

É quase consensual que o ensino à distância deve estar em complementaridade com as outras formas de ensino mais convencionais, presenciais, como os cursos e os congressos. 

Os congressos são hoje os mais amplos espaços de liberdade de ensino e discussão de todos os aspetos da medicina dentária. 
A Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD), que é uma das mais antigas sociedades científicas, mais dinâmica, moderna, empreendedora e inovadora, com parcerias importantes com outras sociedades científicas a nível nacional e internacional, e tem como primeira finalidade a formação dos seus membros e da população portuguesa nos diferentes aspetos da saúde oral. 

Para isso, coloca ao dispor das diferentes profissões ligadas à estomatologia e à medicina dentária uma infinidade de cursos teóricos e práticos, uma das mais antigas e prestigiadas revistas científicas portuguesas da especialidade - a Revista da SPEMD, que se publica desde julho de 1934 (há 85 anos), com conteúdos científicos sérios e originais - e o Congresso da SPEMD, o mais antigo de todos os que se realizam em Portugal (começou em 1958 – 39 
congressos em 61 anos), atualmente com periocidade anual, que decorre sucessivamente nas cidades de Coimbra, Lisboa e Porto. 

Neste ano de 2019, em que a SPEMD comemora cem anos, o XXXIX Congresso Anual da SPEMD, Congresso do Centenário, decorrerá no Porto, no Seminário de Vilar, nos dias 18 e 19 de outubro. 

A programação é diversificada, transversal e abrangente, com exposições teóricas e cursos práticos, ministrados por profissionais nacionais e internacionais de excelente e reconhecido nível científico, direcionados para médicos dentistas, médicos estomatologistas, higienistas orais, técnicos de prótese dentária e assistentes dentários. Está ainda aberta a participação de estudantes e de investigadores de diferentes áreas. 

Decorrerão fóruns de patologia oral, dor orofacial, apneia do sono, cessação tabágica e investigação e conferências nas áreas da ortodontia, endodontia, implantologia, reabilitação oral, e tecnologia de CAD-CAM para prótese dentária. E cursos práticos de desenho digital, biópsias, implantologia, endodontia e estética dentária. 

A Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO), que mantém uma parceria com a SPEMD, promove a organização de uma reunião científica anual, este ano dedicada ao flúor, integrada no Congresso Anual da SPEMD.

Decorre em simultâneo e no mesmo local uma feira/exposição de laboratórios, materiais e equipamentos, que possibilita o contacto direto com fornecedores e com os desenvolvimentos científicos, clínicos e técnicos oferecidos pela indústria. 

É uma ótima alternativa ao excesso de oferta e à pressão de inserção de aspetos profissionais e científicos nem sempre com validade e utilidade, onde são muito valorizadas e discutidas as novas tecnologias e onde o convívio intergeracional e interprofissional, e das diferentes sociedades científicas nossas afiliadas, é um facto reconhecido por todos ao longo de muitos anos. 

Convido-vos com muito agrado a virem ao Congresso do Centenário da SPEMD, a expressar o nosso talento coletivo e a mostrar como o ensino convencional, afinal, não está morto, mas, felizmente, continua com excelente vitalidade. 

 

João Carlos Sampaio Fernandes Professor Catedrático da FMDUP Presidente da Direção Nacional da SPEMD Presidente do XXXIX Congresso Anual da SPEMD 

 

 

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