O crescimento das necessidades de saúde e bem-estar do ser humano, assim como a contínua evolução científica e tecnológica têm exigido uma crescente especialização dos profissionais.
Por conseguinte, desde finais do último século, o caminho tem sido coincidente com uma crescente formação de equipas multidisciplinares. Isto tem permitido sistematizar os conhecimentos das diferentes áreas e, com efeito, aumentar a eficácia e a qualidade dos planos de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação dos doentes. De forma conceptual, uma equipa multidisciplinar define-se como o conjunto de profissionais com diferentes formações que permitem a observação ou tratamento de um caso clínico ou objeto de estudo sob diferentes ângulos ou perspetivas. Ao trabalharem juntos, os profissionais mantêm as suas atuações específicas e inovam com a troca de informações dentro de áreas de interseção. Na medicina dentária, é cada vez mais comum a opção multidisciplinar com vários especialistas de diferentes áreas, ao invés da abordagem unidirecional que é, inevitavelmente, mais limitada. De forma óbvia, podem juntar-se também, entre outros, nutricionistas, psicólogos, especialistas do sono, enfermeiros e médicos de outras especialidades. Só que a grande questão que se vai colocando é, perante os novos conhecimentos e a revolução digital, até onde podem crescer estas equipas multidisciplinares. É certo que a gestão, o design e o marketing são também elementos essenciais de uma empresa moderna, sólida e bem organizada. Porém, existe um ramo específico e fundamental que tem sido esquecido e que, a muito breve prazo, terá de fazer parte da equipa de saúde oral: a bioestatística.
Termos como Big Data têm apresentado as bases de dados como o novo petróleo. Não é por acaso que o tema da proteção de dados está na ordem do dia com uma nova lei, advin- da da diretiva comunitária, a entrar em vigor em maio 2018. Com o desenvolvimento dos softwares informáticos e a digitalização de todos os sistemas e documentos, a imensidão de dados que é produzida por uma clínica é demasiado importante para ser desperdiçada. Pode ser argumentado que o retorno não é imediato e que representa apenas investimento a médio e longo prazo. Contudo, a informação que pode ser extraída, com o devido tratamento de dados, é valiosa, pois pode não só ajudar as clínicas a entender os resultados dos seus tratamentos, como fornecer aos doentes um maior conhecimento e controlo sobre as suas condições. Acresce a isto mais rigor e transparência no desenvolvimento da investigação, na produção de ciência e nas publicações que se partilham.
Na Antiguidade, os sábios trabalhavam, em simultâneo, como matemáticos, filósofos, astrónomos, artistas e escritores. Nos dias de hoje, não é possível exercer, com a eficiência necessária, o conjunto amplo e complexo das ações que se apresentam na área da saúde. Em inglês, TEAM pode ser visto como um acrónimo para Together Everyone Achieves More. É um conceito agregador e que tem em vista acrescentar valor com qualidade. Como escrevia o The Economist no mês passado, “a digital revolution in healthcare is coming. Welcome it!”.
Crónica publicada na edição impressa e digitaldo "O jornalDentistry" de março 2018