O JornalDentistry em 2021-1-14
Num passado não muito longínquo, abrir um consultório médico individual numa das principais artérias da cidade tratava-se de uma receita garantida para o sucesso. Havia escassez de profissionais
Entretanto, os tempos mudaram e as forças que moldam o sector da saúde ganharam novos contornos. Com a exigência das normais legais, o acesso limitado aos “canais de distribuição” (seguradoras) e as economias de escala por parte dos operadores já instalados, as barreiras à entrada tornaram-se elevadas para os novos concorrentes. É, por isso, que se tem vindo a assistir, embora ainda de forma mais lenta do que seria expectável, a uma tendência para a concentração do mercado da saúde. Em 2019, de acordo com o Banco de Portugal, 97,3% das empresas com o Código de Atividade Económica - 86220 - Atividades de prática médica especializada, em ambulatório, tinham uma dimensão micro. No entanto, apenas representavam 57% do volume de negócios.
Se no passado as preocupações com a estratégia e a gestão eram irrelevantes para os profissionais de saúde, o mesmo não se pode afirmar atualmente. É extremamente complicado entrar numa indústria em fase de maturidade, com um produto dificilmente diferenciável e sem especiais vantagens competitivas. Acresce ainda que os custos de marketing para desenvolver uma marca forte e ganhar quota de mercado são muito elevados e, na área da saúde, os clientes têm grandes custos de mudança. Isto é, não irão abandonar tratamentos a meio ou receiam a perda de informação clínica. A verdade é que, sem o devido planeamento e acompanhamento, grande parte dos novos negócios em saúde poderão estar condenados ao insucesso.
Vem isto a propósito de um projeto que desenvolvi em conjunto com a Healthcare Expansion Consulting, uma empresa de consultoria de negócios na área da saúde. Para o plano de negócios de uma nova clínica médica, criámos um simulador para avaliar qual seria a melhor localização de entre um conjunto alargado de freguesias na área metropolitana de Lisboa. Através de uma extensa recolha de informação credível e recurso a modelos matemáticos e técnicas estatísticas multivariadas, foram atribuídas pontuações, por freguesia, a cada um dos drivers que foram considerados como mais importantes de serem avaliados nessa tomada de decisão.
Na imagem pode ser visto um recorte de uma das frames finais do simulador que contém ainda outras análises e diversos critérios de desempate para auxiliar a tomada de decisão final. Para cada especialidade médica, estes driverssão devidamente customizados o que ainda atribui mais valor à plataforma.
De facto, os tempos são cada vez mais exigentes e é necessário ir além da intuição. Esta ferramenta desenvolvida pela HEC traz muito valor acrescentado, na medida em que fornece a informação e o apoio necessário para uma das decisões mais vitais no processo de abertura de uma nova clínica. De agora em diante, nenhum empreendedor na área da saúde poderá sentir que ficou a 100 metros do sucesso.
Mais informações: geral@hec.pt | www.hec.pt
Crónica de: Fernando Arrobas, Médico dentista, professor de Estatística e consultor estratégico - fernando.arrobas@jornaldentistry.pt