JornalDentistry em 2024-5-01

CRÓNICAS

A saúde dentária e o diagnóstico de tiroidite de Hashimoto poderão estar interligados?

A tiroidite de Hashimoto é uma doença autoimune que afeta a glândula tireoide, levando a uma inflamação crónica da mesma.

Dra. Ana Paz, médica dentista, White Clinic, Lisboa

Nesta condição, o sistema imunológico do corpo erroneamente ataca a própria glândula tireoide, resultando em danos progressivos e, eventualmente, na diminuição da função tireoidiana.
Neste artigo iremos apresentar uma visão de como a saúde dentária e o diagnóstico de tiroidite de Hashimoto poderão estar interligados.
Os sintomas da tiroidite de Hashimoto podem variar, mas frequentemente incluem fadiga, ganho de peso, sensibilidade ao frio, constipação, pele seca, depressão, fraqueza muscular, dores articulares, cabelos secos e quebradiços e irregularidades menstruais.
A tireoidite de Hashimoto, também conhecida como tireoidite crónica linfocítica ou tireoidite autoimune, é uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca a glândula tireoide, levando à inflamação e eventualmente à destruição do tecido tireoidiano.

Estas são algumas características principais da tireoidite de Hashimoto:
—Autoimunidade: Na tireoidite de Hashimoto, o sistema imunológico ataca erroneamente as células da glândula tireoide, levando à inflamação e danos ao tecido da tireoide.
—Hipotireoidismo: À medida que a glândula tireoide é dani- ficada pela inflamação, ela torna-se incapaz de produzir hormônios tireoidianos em quantidade suficiente. Isto resulta em hipotireoidismo, no qual o corpo não produz hormônios tireoidianos em níveis adequados para manter as funções metabólicasnormais.                                       

—Aumento do tamanho da tireoide (bócio): Em muitos casos, a tireoidite de Hashimoto pode levar ao aumento do tamanho da glândula tireoide, resultando num bócio.
—Sintomas de hipotireoidismo: Os sintomas de hipotireoidismo podem incluir fadiga, ganho de peso, sensação de frio, pele seca, constipação, cabelos e unhas quebradiças, diminuição da frequência cardíaca, fraqueza muscular, depressão e problemas de memória e concentração.

—Presença de anticorpos: Na tireoidite de Hashimoto, geralmente há a presença de anticorpos antitireoidianos no sangue, como anticorpos antitireoglobulina (anti-TG) e anticorpos antiperoxidase tireoidiana (anti-TPO). A presença destes anticorpos pode ajudar no diagnóstico da doença.

—Incidência familiar: A tireoidite de Hashimoto tende a ocorrer com mais frequência em famílias com histórico de doenças autoimunes, sugerindo uma predisposição genética para a condição.

Mas a questão está como a tireoidite de Hashimoto pode estar associada a problemas de saúde oral?

A inflamação na cavidade oral ou a presença de campos interferentes poderão estar associados à origem da doença?
A tireoidite de Hashimoto, ao ser uma doença autoimune, causa inflamação crónica generalizada a nível sistémico. Essa inflamação sistémica provoca alterações a nível da saúde geral e pode afetar diretamente e a saúde oral e apresentar os seguintes sintomas:
—Xerostomia (boca seca): A boca seca é um sintoma comum em pessoas com tireoidite de Hashimoto. A diminuição na produção de saliva pode aumentar o risco de cáries dentárias, doença periodontal e infeções fúngicas na boca.
—Mudanças na mucosa oral: Alguns pacientes com tireoidi- te de Hashimoto podem experimentar mudanças na mucosa oral, como inflamação ou mucosa oral seca e espessa.
—Problemas gengivais: As pessoas com tireoidite de Hashimoto podem ser mais propensas a problemas gengivais, como gengivite e periodontite.
—Cáries dentárias: Devido à boca seca e a possíveis mudan- ças na composição da saliva, as pessoas com tireoidite de Hashimoto podem ter um maior risco de desenvolver cáries dentárias.
—Alterações na glândula salivar: Alguns pacientes com tireoidite de Hashimoto podem ter aumento da glândula salivar, o que pode levar a sintomas de desconforto ou inchaço na região.

Além dos possíveis problemas de saúde oral causados pela presença da tireoidite de Hashimoto, não devemos esquecer que a presença de campos interferentes na cavidade oral, tais como dentes com tratamentos endodônticos com quistos associados, presença de metais na cavidade oral, dentes inclusos, dentes com quistos e zonas pós-extracionais com cavitações (ou NICO) aumentam a super-expressão da citoquina inflamatória RANTES ou CCL5 que, consecutivamente, aumenta a predisposição de doenças autoimunes no organismo.

O tratamento da tireoidite de Hashimoto geralmente envolve a reposição hormonal, ou seja, a administração de hormônios tireoidianos sintéticos para compensar a deficiência hormonal causada pela doença. Em alguns casos, pode ser necessário monitorizar o tamanho da tireoide e tratar o bócio, especialmente se estiver a causar sintomas físicos ou compressão de estruturas adjacentes. Além da terapia com hormônios tireoidianos, algumas pessoas podem beneficiar de outras abordagens, como suplementação de selénio, que pode ajudar a reduzir a inflamação da tireoide em alguns casos. Mas não devemos descartar a presença de campos interferentes já mencionados anteriormente na cavidade oral, que podem estar a agravar a evolução da doença.

Por esse motivo é importante que estes pacientes tenham uma consulta com um médico dentista com uma abordagem integrativa e façam um CBCT para a identificação destes campos interferentes. O acompanhamento médico regular é importante para monitorizar os níveis hormonais e ajustar o tratamento conforme necessário.

 

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