Aplicação da câmara hiperbárica em Medicina Dentária

A HBOT envolve a inalação de 100% de oxigénio numa câmara pressurizada acima da pressão atmosférica normal. Isto resulta num aumento na concentração de oxigénio no sangue e nos tecidos, o que pode promover a cicatrização de feridas e o combate de infeções.

Em medicina dentária, a HBOT tem sido usada no pós-operatório para melhorar a cicatrização após procedimentos cirúrgicos, especialmente em pacientes com condições que podem comprometer a cicatrização, como diabetes, doença vascular periférica, ou aqueles que receberam radioterapia na área da cabeça e pescoço. Além disso, a HBOT tem sido usada para tratar a osteorradionecrose, uma complicação séria da radioterapia que pode resultar em danos nos ossos da mandíbula.

A terapia com HBOT tem várias vantagens potenciais, dependendo da condição que está a ser tratada. Aqui estão algumas das principais:

—1. Melhora a cicatrização de feridas: A HBOT pode aumentar a quantidade de oxigénio que chega aos tecidos, o que pode acelerar o processo de cicatrização. Isto pode ser particularmente útil para feridas crónicas ou que não cicatrizam, como úlceras diabéticas ou úlceras de pressão.
—2. Tratamento de infeções graves: A HBOT pode ser usada como parte do tratamento para certas infeções graves, como a gangrena gasosa. O oxigénio em altas concentrações pode ajudar a matar bactérias anaeróbicas (que não sobre- vivem bem em ambientes ricos em oxigénio).
—3. Tratamento da osteorradionecrose: A HBOT é uma opção de tratamento para a osteorradionecrose, uma complicação da radioterapia que pode causar danos nos ossos.
—4. Tratamento da doença descompressiva: A HBOT é um tratamento padrão para a doença descompressiva (também conhecida como doença dos mergulhadores), uma condição que pode ocorrer quando um mergulhador sobe muito rapidamente à superfície.
—5. Redução do edema e inflamação: A HBOT pode ajudar a reduzir o inchaço e a inflamação nos tecidos, o que pode ser útil em várias condições.
—6. Potencial neuroprotetor: Algumas pesquisas sugerem que a HBOT pode ter efeitos neuroprotetores, possivelmente ajudando a proteger o cérebro de danos após um acidente vascular cerebral ou lesão cerebral traumática.

No entanto, é importante notar que a HBOT não é isenta de riscos e pode causar efeitos colaterais, incluindo barotrauma (lesão causada pela mudança de pressão), toxicida- de do oxigénio e problemas relacionados com claustrofobia. Além disso, a eficácia da HBOT em medicina dentária ainda é um tópico de debate e são necessárias mais pesquisas para estabelecer diretrizes claras para o seu uso. Na White Clinic dispomos desta tecnologia há 4 anos e faz parte do nosso protocolo cirúrgico com excelentes resultados.

As contraindicações absolutas para a HBOT incluem:
—1. Pneumotórax não drenado: A presença de ar livre na cavidade pleural pode expandir-se sob pressão e levar a um pneumotórax tensionado, uma condição potencialmente fatal.
—2. Certos medicamentos: Alguns medicamentos, como a doxorrubicina (um quimioterápico), bleomicina (um antibiótico antineoplásico) e dissulfiram (usado no tratamento do alcoolismo), são contraindicados porque podem causar toxicidade pulmonar quando combinados com a HBOT.

Contraindicações relativas incluem:
—1. Asma: Pacientes com asma podem ter dificuldade em compensar as mudanças de pressão, o que pode levar a um broncoespasmo.
—2. Epilepsia: Embora a HBOT possa ser usada em pacien- tes com epilepsia, há um risco aumentado de convulsões devido à toxicidade do oxigénio no sistema nervoso central.
—3. Claustrofobia: Pacientes com claustrofobia podem ter dificuldade em tolerar o ambiente confinado da câmara hiperbárica.
—4. Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC): Pacientes com DPOC podem ter dificuldade em compensar as mudanças de pressão e há um risco aumentado de colapso pulmonar.
—5. Gravidez: Embora a HBOT possa ser usada em situações de emergência durante a gravidez, geralmente é evitada, quando possível, devido à falta de dados sobre a segurança para o feto.
—6. Doença cardíaca não controlada: Pacientes com doença cardíaca não controlada podem ter dificuldade em tolerar as mudanças de pressão.

Como sempre, a decisão de usar a HBOT deve ser feita numa base individual, considerando os benefícios potenciais e os riscos, e deve ser sempre discutida entre o médico dentista e o paciente.