O JornalDentistry em 2022-4-21

EDITORIAL

“Bitter” ou “Better”?

Abril é o mês da liberdade, da renovação e da esperança, por excelência. No mês em que se celebra a Páscoa e se renovam, qual folha em branco, as intenções e o propósito de cada um de nós, enquanto seres com livre-arbítrio, continuamos a assistir a atos desumanos sem qualquer arre- pendimento ou compaixão.

Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia

Há quem diga que depois de nos tornarmos adultos, a vida que escolhemos, em cada decisão que tomamos, como CEOs, gestores, médicos dentistas, professores, pais, filhos, amigos, cole gas ou nos torna “bitter” ou “better”! Não há meios termos. Escolher a segunda opção, é o que define o nosso valor, pois o que valemos é nem mais, nem mais menos, a consequência direta dos valores pelos quais vivemos, pelos quais somos. 

Entretanto, voltamos aos congressos e formações presenciais, mas num novo normal. Sempre que é possível o presencial transmitisse à distância, faz-se presente perto, mas também longe. E já perguntamos se não há um link para assistir, se não vamos poder rever a gravação... E já começa- mos a acumular links, phones sintonizados em conferências, com afazeres em casa, no trabalho, na família. Multitasking para não perder nada, em altura nenhuma. Porque agora há várias formas de lá estar. Que diga o presidente Zelensky, que nunca imaginou estar em tantos parlamentos em tão curto espaço de tempo. Embora sendo as suas palavras marcantes por verdadeiras e simbólicas, é pelo que faz, ao fazer-se presente, que os valores democráticos da justiça e liberdade que representa, ganham força. 

E se é o que fazemos, mais do dizemos, que mostra o que efetivamente valemos, não posso deixar passar este editorial sem fazer uma referência à última conferência que o Dr. João Pimenta proferiu este mês, em Barce- los. O Dr. João Pimenta é daqueles seres humanos que escolheu a segunda opção. Um visionário, à frente da sua época, mente inquieta própria dos inconformados. Só a estas mentes, está reservada a verdadeira força motriz de fazer diferente, inovar e deixar marca. E se há coisa em que a medicina dentária tem de estar unânime, é que o Dr. João Pimenta deixa a sua marca. A sua impressão digital na medicina dentária portuguesa, na forma de estar, de a pensar, de a fazer evoluir. O Dr. João Pimenta é um puro, não tem filtros. Como os charutos que já o vi apreciar. Dono de um carisma ímpar, as suas conferências são sempre exemplo disso mesmo, exemplo de um artista que se formou em medicina dentária. E que sorte que a medicina dentária portuguesa tem em que ele faça parte dela! 

Um estudo que continua a decorrer na Universidade de Harvard, e que já dura há 80 anos, continua a demonstrar que as pessoas que se mostram mais felizes e com maior esperança de vida, são as que mantêm laços relacionais fortes. Segundo o cientista social professor em Harvard, todos temos duas curvas da felicidade na vida. A primeira dura até aos nossos 40-45 anos e está diretamente relacionada com a nossa “inteligência fluí- da”, a que nos permite inovar, criar, desenvolver trabalho ativo e relacio- nar a felicidade com a aquisição de coisas e objetivos. A segunda curva da felicidade começa depois dessa idade, e relaciona-se com a “inteligência cristalizada”, a sabedoria que advém das nossas relações e de como as nossas ações e sucessos são postos ao serviço do outro. A primeira curva centra-se no “eu”. E a segunda no “outro”. À medida que avançamos na carreira e na vida, aquilo que parece trazer felicidade à primeira curva: a fama, o dinheiro, o prazer e o sucesso não servem a segunda curva. O que preenche a segunda curva, segundo este autor, são: a fé, a família, os amigos e o serviço aos outros. 

Há pessoas que vivem sempre na primeira curva. Outras só descobrem a segunda muito tarde na vida. O segredo é intercetá-las o mais cedo possível. Para mim, o Dr. João Pimenta, é um exemplo de alguém que intercetou estas curvas há algum tempo. Um médico dentista de sucesso e prazeres, cuja sabedoria com que eleva os que o continuarão na profissão e reconhece os que, na vida são a sua razão de viver, fazem dele um homem especial. Um homem que já compreendeu claramente que, na vida, tudo se resume a três ações: servir-nos das coisas, amar as pessoas (e não o contrário) e louvar o divino! 

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