JornalDentistry em 2023-11-17

EDITORIAL

O Superpoder dos Médicos Dentistas

AOrdem dos Médicos Dentistas comemora este ano o seu 25º aniversário. Bodas de prata neste, ainda curto, caminho da profissão. E neste mês de novembro, o 32º congresso da OMD celebrou-se e celebrou esta data.

Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia

Este marco anual de encontro entre colegas, partners, formadores e amigos, tem sido incontestavelmente um momento de tomar o pulso às políticas que se tentam implementar, às barreiras que se levantam, aos cutelos legisladores que teimam em pairar sobre as nossas cabeças e, sobretudo, sobre a vitalidade da profissão.
O pulso que senti é o de uma profissão viva, com gente jovem recém-chegada, com urgência em vingar, em ocupar um lugar que é seu. O lugar que cada um ocupa deve ser seu por direito. Porque o conquistou, porque persistiu, porque não desistiu. Quando assim é, não há porque temer. Há só que continuar a fazer o trabalho. O de formiguinha, o de praticar, querer saber. O de estar preparado para a oportunidade. O de se ir preparando para quando ela surgir, sabendo que surgirá, mais tarde ou mais cedo, se não deixarmos de fazer o nosso trabalho. Entendo que a rapidez com que a vida acontece atualmente não ajude à clarividência de que o resultado vem depois de fazer a conta. E há sempre que fazer a conta. Há sempre que investir. Há sempre que semear. Se não investimos, não fazemos crescer o resultado. Se não semearmos, nada podemos esperar colher.
E, por isso, é preciso ir. Numa entrevista recente ao atual presidente dos EUA, Joe Biden, perguntaram-lhe qual a lição de vida mais importante que tinha aprendido e que gostaria de transmitir às gerações mais novas. E ele respondeu “Show up!” - Aparece, vai. Ir, dizer presente, aparecer num congresso, num curso, numa formação, numa reunião é a única forma de investimento que pode dar resultados. Sermos poucos, termos só 25 anos de Ordem não pode, nem deve, enfraquecer os resultados. Desde que façamos o trabalho, desde que apareçamos. Isto é válido para as con- quistas políticas, organizativas, programáticas. Ser médico dentista, como referiu o Dr. Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas no seu discurso na cerimónia de abertura do 32º congresso da OMD, é “ter  poder”. Ter o poder de exercer com excelência, um serviço de cuidado ao outro. Ser médico dentista é ter o superpoder de, no exercício das nossas capacidades, poder ajudar o outro, poder, em muitas circunstâncias, mudar-lhe a vida.
Mas se o que fazemos é impactante, é importante para os nossos pacientes, a forma como nos mostramos, como classe e individualmente como profissionais, pode ditar muito do nosso sucesso, dos nossos resultados. Aparecer fortes e com o trabalho de casa sempre feito mostra coerência de carácter, resiliência e perseverança, qualidades importantes para sobreviver numa sociedade em busca do imediatismo e do resultado fácil.
Aparecer, importar-se, consigo e com os demais que representamos enquanto classe a que pertencemos é um superpoder. Para o bem e para o mal. Pois como todos os superpoderes depende do sentido em que os usamos. E o Estado nem sabe a sorte que tem em ter uma classe que lhe assegura o dever, que é dele, de acesso aos cuidados de saúde oral duma população inteira. E, nem por isso, tem aparecido célere a emendar, pelos menos, os buracos desta rede, dotando os centros de saúde dos recursos para assegurar esse direito. Literacia em saúde oral é sobretudo preven- ção. Mas é também aparecermos a mostrar aos portugueses que estamos aqui, como classe, que o nosso trabalho é decisivo e fundamental e que o fazemos com excelência. Porque somos médicos dentistas com o superpoder de fazer um trabalho que importa. Só temos de aparecer mais a mostrar isso mesmo!

 

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