O JornalDentistry em 2020-11-25

EDITORIAL

Um líder visionário

O mês de novembro costuma ser o mês do congresso anual de medicina dentária em Portugal. A OMD organiza há já 29 anos um congresso que tem vindo a crescer e a afirmar-se como um evento científico de altíssimo nível.

Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia

A dimensão do nosso congresso tem conseguido juntar num só espaço, ciência, exposição comercial e um ponto de encontro de colegas excecional e muito positivo. 
Já todos sabemos que este ano o normal foi substituído por uma nova forma de estar, de aprender, de comunicar, de viver! E o normal curso das coisas parece que já não o é. Outras formas novas de estar e ser presente impõem-se. Também o congresso da OMD teve este ano que se reerguer depois de um cancelamento. E o desafio de o voltar a pôr de pé num formato totalmente inovador, virtual e imersivo agiganta-se perante esta nova forma de aprender medicina dentária. Como presidente da comissão organizadora do próximo 29º congresso da OMD, confesso que são muitas as decisões sem tempo para testar, exemplo para seguir ou corrigir, formato a replicar. Esta nova forma de chegar aos colegas res- peitando a distância física e ao mesmo tempo possibilitando que todos estejamos ligados à distância de um clique, pode ter vindo para ficar, pelo menos em parte. E é de facto, quando saímos da nossa zona de conforto que aprendemos, que nos reinventamos, que evoluímos. E o congresso deste ano vai reinventar-se. Espero que em benefício de toda a classe, e que seja uma oportunidade nesta fase tão difícil e triste do ponto de vis- ta social, de trazer à memória um ponto de encontro entre colegas. Que seja, também, um motivo para que muitos se voltem a juntar, desta feita, num espaço virtual e interativo. E se faça história. 
Falando de história e de histórias, estreamos também este mês uma rúbrica nova. Convidamos um contador de histórias, com história na medicina dentária, para nos propor, todos os meses, temas quentes nacionais, internacionais, com convidados, entrevistas, opiniões e reflexões. A rúbrica “Pimenta na língua”, da responsabilidade do Dr. João Pimenta, será também ela, uma saída da nossa zona de conforto, e com ela aprenderemos e refletiremos, pois sempre que o fazemos abrimos a possibilidade ilimitada de criar conhecimento e vontade para desbravar caminhos novos. A capacidade de ser visionário não assiste a todos. É um dom. Já o que fazemos com esse dom é da responsabilidade de quem o tem e pode ser verdadeiramente disruptivo e alavancador para quem tiver o privilégio de beber desses ensinamentos. 
De facto, nestes tempos que vivemos, precisamos de líderes visionários e de decisores visionários. A um líder é pedido que guie os seus, que os leve a bom porto, que organize as tropas, os meios e as estratégias. A um líder visionário é pedido que faça tudo isso de olhos vendados. E assim, a um líder forte, deve juntar-se um líder com uma sensibilidade fora do comum, dono de um bom senso e antecipação que podem fazer a diferença. Não sei se esse dom visionário que se acrescenta a alguns líderes, lhes chega pela experiência, pela inteligência emocional, pelo retorno da energia do universo ou por tudo isto junto. Mas sei que quando encontramos um líder destes, dos visionários, em que área for, estamos mais seguros. E estes reconhecem-se a léguas, ou bem, em cinco minutos conversa. Mas, às vezes, quando se vê de olhos vendados aquilo que muitos não veem de olhos abertos, traz ao mundo a responsabilidade de fazer, arregaçando as mangas e de o fazer com o bom propósito de ajudar o outro. De nada serve usar o dom, que não seja para o serviço dos outros e do bem comum. Um líder visionário serve-se do dom para servir. E não espera nada em troca. Fá-lo com o propósito do dever de não guardar para si e para o seu ego, a verdade da energia que o universo organiza em forma de pensamentos, de raciocínios, de respostas. 
Creio que a medicina dentária portuguesa tem muitos destes líderes, dos visionários. Dos de propósito e do verdadeiro valor do serviço. A nossa Ordem tem, hoje, um líder destes. E quando a energia é boa, o universo não falha. Ele viu este congresso virtual e imersivo a acontecer. Eu acreditei. E comigo muitos. Arregaçamos as mangas. E ele aí está. Pensado por médicos dentistas para médicos dentistas! Espero que o resultado possa ser um verdadeiro serviço à classe, pelo menos na igual medida com que acreditamos que pudesse ser. 
 

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