O JornalDentistry em 2016-12-18

EDITORIAL

A reunião de inverno da Academia Portuguesa de Medicina Oral

A “raison d’être” do nosso congresso anual é perpetuar a ligação da Medicina Dentária à Medicina e estabelecer o valor interdisciplinar do estudo das patologias da cavidade oral e região perioral, por si só e associadas a doenças sistémicas,numa época de superespecialização.

António Mano Azul e Filipe Freitas

A missão da Academia Portuguesa de Medicina Oral é clara e definida por alguns objetivos, como a educação contínua em medicina e cirurgia orais, o treino no diagnóstico e no tratamento, o estímulo à investigação e à expansão da medicina digital e o reconhecimento dos nossos membros internacionalmente.
O nosso congresso anual, tradicionalmente designado por Reunião de Inverno da APMO, agendado para os dias 3 e 4 de fevereiro de 2017 em Lisboa, proporciona ainda um fórum anual para trazermos até nós áreas associadas como as patologias e abordagem aos doentes idosos e medicamente comprometidos, às pessoas polimedicadas, as opções cirúrgicas mais corretas no tratamento de desafios atuais como a reabilitação dentária e funcional de doentes com maxilares atróficos, as peri-implantites, as situações de risco e de urgência nos consultórios dentários, bem
como debates centrados na saúde pública oral e em guidelines de atuação prática.
O nosso programa científico é ambicioso, mas além disso esperamos uma discussão aberta, franca e amigável (como é habitual nas nossas reuniões), este ano com o aliciante extra de estabelecermos pontes duradouras com os programas de medicina e cirurgia oral da Universidade de Santiago de Compostela e da Universidade de Barcelona.
A mudança na nossa profissão, na forma como a formação técnica se faz e na hiperespecialização discutível mas imparável, mostra-nos que este caminho é inevitável e leva-nos a direcionar a APMO e o nosso congresso, neste e nos próximos
anos, para campos bem identificados, como a já referida ligação entre a saúde sistémica e a saúde oral, a excelência na investigação e na formação pós-graduada, a educação contínua dos colegas generalistas, ou a odontogeriatria e os cuidados aos idosos (que não se esgota na construção de acessos aos consultórios, mas sim através de uma nova abordagem que inclua a prestação de serviços de saúde aos institucionalizados ou mesmo confinados às suas residências).
A medicina baseada na prova está para ficar e o congresso da APMO não ficará de fora na promoção de tratamentosonde exista a prova da sua utilidade e custo-benefício, sem esquecermos que parte daquilo que usaremos daqui a 5 anos não está, provavelmente, ainda inventado.
A entrada de corporações e fundos na propriedade de clínicas e consultórios e na exploração da saúde oral nos Centros de Saúde, bem como os “planos de saúde” impostos aos profissionais por conta de outrem por monopólios de distribuição alimentar, mudarão rapidamente a natureza danossa profissão. O nosso congresso servirá também para nos lembrar que tratamos doentes e não clientes e que a saúde
e o bem-estar dos nossos doentes é o nosso objetivo final.
Esperamos que gostem do programa da Reunião de Inverno da APMO de fevereiro de 2017 e apelamos a que participem ativamente nas discussões em plenário e na
apresentação de posters de casos clínicos e de comunicações científicas. Encontramo-nos no Parque das Nações, em Lisboa!
 
Informações APMO:  www.apmo.pt/web/

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