O JornalDentistry em 2019-12-26
E já estamos quase a fechar mais um ano de edições d’O Jornaldentistry! Outro ano alucinante na evolução tecnológica e nos avanços da dentisteria minimamente invasiva! No mês da partilha por excelência, foram partilhados com todos os números do inquérito à população portuguesa sobre os cuidados de saúde.
Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia, diretora do "O JornalDentistry"
Ficamos a saber que “6,8% de portugueses que nunca vão a consultas de medicina dentária e 24,8% que só vão em caso de urgência. Juntos perfazem 31,6%, ou seja, há quase um terço de portugueses que nunca visitam o médico dentista ou apenas o fazem em situação de extrema necessidade.
Dos 31,6% de portugueses que nunca vão ao médico dentista ou só vão em caso de urgência, 65,3% afirmam não ter necessidade”.
Podemos concluir que ainda há muito a fazer na educação e sensibilização da população portuguesa no que respeita à importância da saúde oral, per si, bem como no contexto da sua saúde geral.
Eu sei que o cheque dentista tem sido uma bandeira no sentido de alterar este panorama mas importa perceber porque é que continua a haver uma significativa percentagem de cheques dentistas que não são utilizados... aqui parece-me que esbarramos com a questão da educação, da desinformação e ás vezes da desvalorização do que é dado: “Foi dado logo não me custou a ganhar, logo não sinto a sua real importância, a dificuldade de conquistar o direito a esse cuidado.” Mas também seguramente há aqueles que beneficiam e muito da sua atribuição e os que os utilizam religiosamente em seu benefício. A diferença entre ambos reside, na minha perspetiva, na informação ou desinformação do valor da saúde oral. Quase como aqueles que investem em tecnologia ou automóveis de luxo que depois não sabem tirar o real partido deles, assim me parece que a atribuição e extensão da atribuição de cheques dentista a determinadas fachas da população tem de ser acompanhada de promoção ativa da informação em saúde oral.
Costuma dizer-se que ninguém nasce ensinado e no que respeita a cuidados de saúde oral é bem verdade. Quantos de nós dizem aos nossos pacientes que devem escovar 2-3 vezes os dentes por dia? Todos. Quantos de nós, médicos dentistas, ensinam os pacientes a escovar os dentes? A resposta também deveria ser todos. E quantos de nós dão uma escova para a mão do paciente para que ele demonstre como escova e se aprendeu a escovar? E quantos de nós dá um espelho para a mão dos pacientes para que eles vejam como se passa um fio dentário ou um escovilhão? Quantos de nós lhes pede para fazerem eles mesmos depois de lhes ser explicado? E quantos de nós já prescreveu uma escova elétrica para os pacientes pedirem ao Pai Natal este ano sem lhes termos demonstrado como funciona? Sem termos pedido para que a traga na próxima consulta para connosco corrigir a técnica? Pois, a educação e o valor da saúde oral passam por todos nós médicos dentistas de consultório numa ação pró-ativa, que dá trabalho e sobretudo exige tempo de consulta e conversa, de atenção ao paciente. Mas compensa!! Já os 30% dos portugueses que não vão ao dentista esses terão de ser informados antes de nos chegarem. A sensibilização para a necessidade, qualquer uma que seja, passa por fazer acreditar que cada um de nós precisa “daquilo”. Do telemóvel com 4 câmaras, do carro topo de gama, da escova elétrica! Há que perder tempo a sensibilizar e a educar em favor de uma população mais informada e a acreditar mais que é preciso vir ao dentista!
Desejo a todos os colegas um Feliz Natal e um Ano Novo pleno de realizações! Faço votos de um ano de 2020 com uma população que acredite que precisa tanto do médico dentista quanto da internet! Façam o favor de acreditar e partilhem! Boas leituras!