O JornalDentistry em 2021-7-27

EDITORIAL

Editorial Convidado

A minha visão da Ortodoncia actual - Teresa Alonso e Ortodontia…O meu ponto de vista - Carlos Mota

Dra. Teresa Alonso e Dr. Carlos Mota

A minha visão da Ortodoncia actual - Teresa Alonso 

O apoio ao longo destes anos d’O JornalDentistry na divulgação dos cursos, formações e congressos, tem-nos mantido atualizados, o que tem sido particularmente importante nestes dois anos particularmente difíceis da vivência da pandemia que nos assolou. 
Quando o “O JornalDentistry” me proporcionou o protagonismo da secção de Convidado do Mês, em parceria com o Dr. Carlos Mota, aceitei-o grata e honrada. 
É de consenso que vivemos tempos de mudança! Mas com tal mudança, assistimos e experimentamos a uma grande evolução na área das ciências e da clínica. 
Os ventos de mudança impuseram uma visão consensual da necessidade de uma evolução acelerada do saber, promovida pelo acesso generalizado às novas tecnologias e sustentada pelo desenvolvimento exponencial da informática digital. 
Paradoxalmente questionamos: afinal as áreas do saber mudaram? E as patologias na sua base alteraram-se? A resposta é inequívoca – obviamente que quer as patologias, quer as bases que sustentam o seu tratamento se mantêm idênticas.
No entanto, as novas técnicas ortodônticas, alicerçadas na era digital e acompanhando a grande evolução tecnológica, existem para nos ajudar a tratar as mesmas situações clínicas anteriores. A isto chama-se evolução clínica.
Na Ortodoncia, fui assistindo e atualizando-me nas suas grandes evoluções: a implemen- tação do arco-recto com o Dr. Roth, mantendo uma abordagem gnatológica da oclusão, o desenvolvimento do Sistema Damon que levou à simplificação da movimentação dentária com forças leves mais fisiológicas, mantendo os princípios da oclusão gnatológica e desde há dez anos, promovendo os primeiros casos com Invisalign, mantendo os princípios oclusais há muito assimilados, de movimentação dentária e de estética.
Continuamos a tratar os mesmos problemas, mas evoluímos no armamentário disponível para os resolver. E quando nos integramos, evoluímos, vivemos o presente com objectivos de competência e eficiência e mantemos atualizados os protocolos de tratamento.
Sempre vivenciei com entusiasmo o presente e usei as novas tecnologias para ajudar os meus pacientes. E sempre me fascinou como velhas patologias beneficiam com novas abordagens.
Não renuncio, nesta evolução, a todo o historial clínico dos princípios e da mecânica ortodôntica, apenas modifico os meios, para conseguir os melhores objectivos para o meu paciente. Não descarto assim nenhuma técnica, a sua integração faz parte do meu know how e do meu percurso académico e clínico.
Não nos iludamos. São necessárias mentes inquietas se queremos inserir-nos no presente. A mudança e a evolução fazem parte do progresso e resiliência que se espera em todas as áreas do saber médico. A Ortodoncia não será seguramente uma exceção!
E ciente disso, e contando com a parceria do Dr. Carlos Mota, articulámos o nosso próximo curso- Sistema Damon e Alinhadores, que terá início a 1 de Outubro e que constará de 4 módulos. Os nossos pacientes merecem as atualizações clínicas que o tratamento mais diferenciado e eficaz lhes possa proporcionar.
Teresa Alonso

Ortodontia…O meu ponto de vista - Carlos Mota 

Sentimos que tudo está a mudar de forma muito rápida e o mundo da ortodontia não podia ser exceção. Olhando para os últimos trinta anos, verificamos que as verdades absolutas em ortodontia não existem. Todos os dias surgem coisas novas e a atualização e formação têm que ser constantes.
Na década de 90, mais precisamente em 1991, assistimos à introdução em Portugal da técnica do arco reto, pela mão do professor Doutor Hugo Trevisi. Utilizava o sistema de brackets pré-ajustados preconizado pelo Dr. Andrews e provocou uma evidente fratura no mundo da ortodontia nacional. Levou cerca de uma década, para que fosse evidente para todos, a vantagem do sistema.
A má noticia, foi o falecimento, no início do ano, do Prof. Dr. Hugo Trevisi, vitima de COVID-19. Muitos ortodontistas portugueses estão-lhe gratos, muito aprendeam com ele e com a sua equipa e foi o mentor, com contributo decisivo, para a formação da Sociedade Portu- guesa de Ortodontia Straight-Wire, atual Sociedade Portuguesa de Ortodontia. Aqui lhe presto a minha sentida homenagem.
A primeira década deste milénio foi marcada pela baixa fricção, com os sistemas de brackets autoligáveis, que utilizam forças muito leves para movimentar os dentes e disponibilizam um conjunto de meios (protocolo) para que essas forças ligeiras sejam aplicadas aos dentes, contribuindo assim para um impacto positivo no osso, tecidos e face. O grande responsável por este salto qualitativo na ortodontia mundial foi o Dr Dwight Damon. Em Portugal, a introdução da técnica Sistema Damon foi feita pelos Drs. Ramon Perera e Rafael Espejo, no ano de 2008. No início, muitos ortodontistas tiveram grande dificuldade em reconhecer as vantagens desta técnica, devido à forma completamente errada como foi divulgada pelo fabricante dos brackets. Quiseram passar a mensagem que o herói era o bracket, sozinho resolvia tudo, e esqueceram a importância do conhecimento e da formação, para a obtenção de resultados. Nos últimos anos, o número de profissionais com formação no sistema Damon aumentou imenso e proporcionalmente diminuíram as críticas. Penso que neste momento o Sistema Damon é reconhecido pela maioria dos ortodontistas como a forma equilibrada de dar o melhor aos nossos pacientes e, simultaneamente, dar melhor qualidade de vida aos profissionais.
Por volta do ano de 2015, começámos a assistir ao tratamento ortodôntico através da utilização de alinhadores. Era uma mudança tão radical que confesso que também fiquei um pouco cético sobre a sua eficácia. Mas o que estava verdadeiramente em causa era a resis- tência para sair da minha área de conforto e voltar a fazer formação. Fui à luta, voltei a fazer formação, e agora já com alguma prática clínica, confesso que estou surpreendido de forma muito positiva com os resultados. Confesso que não sou dos que preconizam a prática exclusiva com alinhadores, para todas as idades, talvez porque ainda tenha muito que aprender. Para mim, é muito importante uma ortodontia, em que não me sinta muito dependente da colaboração do paciente, e que não aumente o número de consultas não previstas.
Acredito que nos próximos anos a melhor forma de estar no mercado é a utilização conjunta de três coisas:
A primeira é a utilização do Sistema Damon Kids na dentição mista. É um sistema que é independente da colaboração do paciente e com reduzidíssimo número de consultas de urgência.
Além disso, tem um custo reduzido para o ortodontista, comparado com outras soluções, sejam aparelhos móveis ou alinhadores.
A segunda é manter o Sistema Damon como o sistema com a melhor relação custo benefício para o paciente.
A terceira é a utilização de alinhadores para aqueles pacientes em que a estética é o primeiro fator de escolha e em que o fator preço não é importante.

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