JornalDentistry em 2025-2-14

EDITORIAL

Para o bem, ou para o mal

Confesso que não tenho usado o ChatGPT de todo. Não tem surgido curiosidade ou necessidade. Mas com o lançamento recente da versão aberta do DeepSeek-R1, com origem na China, a minha curiosidade aguçou-se.

Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia.

Decidi fazer duas perguntas iguais aos dois e ver como eram construídas as respostas. A primeira pergunta foi “Quais os principais desafios que o futuro médico dentista terá de enfrentar?” Ambos ordenaram mais de 10 áreas em que os médicos dentistas seriam desafiados, nomeadamente: acompanhar a inovação, cuidados personalizados, acesso aos cuidados, cuidados preventivos, Burn out e saúde mental, sustentabilidade e preocupações ambientais, entre outros. 

Em resumo, o ChatGPT escreveu a seguinte conclusão à pergunta: “No geral, o futuro da medicina dentária traz oportunidades interessantes e desafios significativos. Equilibrar os avanços tecnológicos com o atendimento ao paciente, atender às necessidades de saúde pública e manter o bem-estar profissional será fundamental para os futuros profissionais.” 

Uma resposta generalista, pensei. A frase que obtive como súmula pelo DeepSeek foi: “Em síntese, os futuros médicos dentistas terão de ser adaptáveis, aprender ao longo da vida, capazes de navegar as mudanças tecnológicas, sociais e profissionais, mantendo o foco nos cuidados centrados no paciente.” 

E pensei que, não deixando de ser uma súmula generalista, não diz exatamente a mesma coisa. E põe a tónica no ponto certo. Na capacidade de adaptando-se constantemente através da formação, centrar a sua evolução profissional no cuidado ao paciente. No ser melhor, para servir melhor.

A segunda pergunta que fiz foi: “Como é que o médico dentista do futuro pode integrar a IA?”. Ambos foram eficazes a elaborar uma lista de áreas onde a IA poderá vir a ser essencial, como o diagnóstico e deteção precoce, o planeamento e cirurgia assistida pela IA, chatbots e assistentes virtuais, odontologia robótica e impressão 3D, ou mesmo a gestão e automação da clínica com prontuários inteligentes sendo estes sistemas que podem compilar históricos odontológicos e sugerir diagnósticos com
base em casos semelhantes. 

No ChatGPT obtive a conclusão: “A integração da IA na odontologia não substitui o dentista, mas melhora a precisão, a  eficiência e a personalização dos tratamentos. O futuro da odontologia será cada vez mais tecnológico e centrado no paciente.”

No DeepSeek, a súmula foi apresentada por estas palavras: “O médico dentista do futuro deve ver a IA como uma ferramenta complementar, não como um substituto. A chave para uma integração bem-sucedida está em combinar a expertise humana com a eficiência da tecnologia, mantendo sempre o foco no bem-estar e na segurança do paciente.  A IA tem o potencial de revolucionar a odontologia, mas o seu uso deve ser guiado por princípios éticos, clínicos e humanísticos.” 

Mais uma vez pensei. A tónica no sítio certo. No essencial.
Com esta análise não pretendo concluir nada, avaliar ou julgar performances dos dois sistemas abertos. Sem qualquer insight diferente, ou seja, com exatamente a mesma pergunta, o resultado não foi exatamente o mesmo. O que me faz pensar é que, na verdade, a forma como fomos ensinados e programados a pensar pelo conjunto de experiências e ensinamentos que vamos adquirindo é o que faz de nós únicos, nos pensamentos e nos comportamentos.
E as máquinas pelos vistos, também serão o que nós queiramos que elas sejam. Para o bem, ou para o mal.

 

 

Célia Coutinho Alves, Médica Dentista Especialista em Periodontologia
pela OMD, Doutorada em Periodontologia pela Universidade Santiago de Compostela

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