O JornalDentistry em 2018-10-25
Ainda há bem pouco regressámos de férias e já estamos completamente envolvidos em solicitações de Congressos, formações, reuniões científicas. Ainda no propósito da planificação da agenda científica para este ano letivo acabei por necessariamente ter de fazer esta reflexão.
Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia, diretora do "O JornalDentistry"
São imensos, cada vez mais, os eventos científicos, que se atropelam e acontecem nas mesmas datas. Se no que respeita a cursos privados ou organizados por marcas comerciais isso será impossível de ter em conta, creio que está na altura de as sociedades científicas nacionais terem em atenção a datas e à sobreposição entre estas e Congressos internacionais de renome.
É cada vez mais difícil para o médico dentista selecionar os eventos de formação em que se inscrever. Mesmo da mesma área ou especialidade já se encontram muitas vezes sobrepostos ou seguidos em fins-de-semana consecutivos, o que manifestamente nos dificulta o equilíbrio entre agenda de clínica, investimento em formação e presença a nível familiar.
Obviamente, a data do Congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas (que este ano comemora 20 anos e não posso deixar de deixar aqui os meus Parabéns!), tem primazia no calendário anual e por isso é respeitada. Mas, com o número crescente de sociedades científicas, temo que o “problema” se vá agravar com óbvio prejuízo para os eventos que acabam por ir tendo cada vez menor número de participantes, diluídos por todos os restantes eventos. E com prejuízo para os médicos dentistas que, mesmo querendo e podendo aproveitar formações excelentes que são exaustivamente preparadas com alta qualidade científica, se veem obrigados a ter de optar pois ainda não conseguem estar em dois sítios ao mesmo tempo.
Para além disso, nota-se também um efeito de cansaço na classe pelo efeito que a multiplicação de Congressos e reuniões produz na sua disponibilidade para a dedicação de fim-de-semana após fim-de-semana aos dentes e às salas de formação. Por isso, lanço o repto às sociedades científicas para que organizem um calendário anual não só tendo em conta os grandes congressos internacionais mas também tentando não agendar para três fins-de-semanas seguidos no mesmo mês Congressos anuais na mesma área.
Sugiro mesmo que, a bem da continuidade da participação ativa e interessada dos colegas nesses eventos científicos, com benefício para as casas comerciais, para os médicos dentistas, para as sociedades, e para o bem da formação e atualização do que de melhor se faz na medicina dentária em Portugal, as sociedades científicas juntem datas, esforços e sinergias em benefício de todos.