Marta Quaresma Ferreira em 2024-4-30
A inteligência artificial foi tema central do evento organizado pela CESPU e pela pós-graduação em medicina dentária digital. O Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas considera o tema “pertinente, atual e futurista”, com benefícios para as vertentes clínica e educacional.
A Universidade do Algarve, em Faro, acolheu nos dias 26 e 27 de abril o I Congresso Internacional de Inteligência Artificial (IA) na Medicina Dentária, Intelligent Dentistry 2024, organizado pela CESPU e pela pós-graduação em medicina dentária digital. A CESPU, a UAlg, a Unipro, a IA&Saúde e a IDDA foram os parceiros científicos do congresso que contou com palestrantes nacionais e internacionais que partilharam os seus conhecimentos e experiências com a audiência. Na sessão de abertura, a Dra. Teresa Vieira e Brito, presidente comissão organizadora, afirmou que o congresso estabelece-se como “um passo significativo entre a medicina dentária e a tecnologia”, representando um “marco histórico no nosso percurso científico e profissional”. Com a IA a marcar esta nova era, a Dra. Teresa Vieira e Brito defende que “estamos diante de uma oportunidade única de explorar como é que as tecnologias inteligentes estão a revolucionar a prática da clínica”. O papel da inteligência artificial no diagnóstico e planeamento dos tratamentos, a aplicação da realidade aumentada e a gestão da prática dentária são alguns dos temas destacados pela presidente da comissão organizadora, que caracteriza o evento como uma “plataforma de troca de ideias, colaboração e inspiração”. Numa mensagem previamente gravada, o Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, o Dr. Miguel Pavão, considera o tema “pertinente, atual e futurista”, posicionando o que a medicina dentária tem de melhor: “acompanhar o vanguardismo e a evolução da nossa profissão”. O Dr. Miguel Pavão sublinhou que a IA contribui para uma melhor decisão clínica e intervenção terapêutica, revolucionando a profissão não só na componente clínica, mas também na vertente educacional. “Em qualquer arte que depende de muitos processos e de muitos fluxos vão ocorrendo pequenos erros e esses pequenos erros são, muitas vezes, o final de um trabalho que é um insucesso, muitas vezes um contencioso com um doente, uma situação de fracasso, e é isso que nós devemos acautelar e que, certamente, com a inteligência artificial, podemos ver também como uma arma”, reforçou o Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. Apesar dos benefícios, o Bastonário alertou para os desafios e considerações levantadas pela IA, nomeadamente ao nível ético, de privacidade e segurança dos dados dos pacientes. O Dr. Miguel Pavão relembrou ainda que, apesar de a inteligência artificial trazer o receio da substituição das capacidades do ser humano pelas da própria IA, os profissionais não se devem deixar substituir, particularmente no que diz respeito à decisão e intervenção dos médicos dentistas. A encerrar o discurso, o Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas deixou uma mensagem de esperança através de uma alegoria entre o tempo dos Descobrimentos e a adaptação exigida aos profissionais de medicina dentária perante as novas tendências e tecnologias: “Enquanto portugueses, sabemos muito bem como é navegar - no tempo de Descobrimentos -, em alturas onde não há vento. E aquilo que podemos ter é uma visão mais negativa, em que reclamamos por ausência do vento; outros, numa visão mais otimista, podem tentar adaptar e esperar que o vento apareça; e há uma visão mais realista que é ajustar as velas ao pouco vento ou algum vento possa surgir e navegar”. O Dr. Miguel Pavão concluiu a sua mensagem pedindo a todos que “ajustem as velas e naveguem em direção ao futuro da profissão”, aproveitando o encontro para partilha de pensamentos e conhecimentos sobre esta nova tecnologia aplicada à área da medicina dentária. A reportagem completa sobre o Congresso Intelligent Dentistry 2024 estará disponível na edição de maio d’OJornalDentistry. |