O JornalDentistry em 2016-1-31
O Instituto de Ciências da Saúde Egas Moniz, no Monte da Caparica, acolheu no passado dia 12 de dezembro um programa de formação contínua da Academia Portuguesa de Medicina Oral (APMO).
Dr. António Mano Azul, presidente da Academia Portuguesa de Medicina Oral
A reunião científica, intitulada “Medicina Oral Para Jovens Dentistas”, contou com a presença de 91 jovens médicos oral esteve em cima da mesa e foi recebida de braços abertos.
“O sucesso desta reunião de formação contínua foi fantástico. Os temas de Medicina Oral, é sabido, não são os mais atrativos do ponto de vista ‘económico’, numa consulta. São, no entanto, os temas que mais servem de ponte entre a medicina dentária e as outras especialidades da medicina”, destacou a O JornalDentistry o presidente da Academia Portuguesa de Medicina Oral, Dr. António Mano Azul. “Não posso deixar de mencionar que para este sucesso muito contribuiu a administração da Egas Moniz e o seu presidente, Professor Martins dos Santos, que nos cederam gratuitamente um anfiteatro para podermos realizar este evento”.
O objetivo da APMO foi juntar os jovens médicos dentistas numa reunião aberta e sensibilizá-los para o diagnóstico e tratamento de doenças ou patologias para as quais não estão devidamente preparados, devido ao facto de não fazerem parte da sua rotina diária no consultório. Segundo o Dr. António Mano Azul, a APMO encontra-se empenhada em mais formações deste género: objetivas e intimistas. “A Academia Portuguesa de Medicina Oral , relançada este ano, não quer ser mais uma sociedade científica cuja actividade culmina e se esgota num congresso anual”, esclareceu. “Para nós é mais importante estar mais junto dos colegas que estão isolados nos seus consultórios e que sentem as dificuldades diárias de diagnosticarem e tratarem doenças ou patologias que não fazem parte dos grandes blocos de ensino do curso de medicina dentária (como a dentisteria, endodontia, prótese, etc.). Assim, iremos privilegiar um contacto mais informal em reuniões de formação contínua, em textos de apoio, através das redes sociais, etc., para tentar orientar os colegas que sintam dificuldades na forma como devem abordar estas situações.”
Temas em destaque
A reunião de formação dividiu-se em duas partes. Na primeira focou-se mais na formação teórica, com temas como “Osteonecrose dos maxilares associada a medicamentos”, liderado pela Dra. Ana Louraço, “Indicações para biopsia na
cavidade oral”, a cargo do Dr. Filipe Freitas, e “Tratamento racional das infeções da cavidade oral”, conduzida pelo Dr. António Mano Azul. A segunda parte da reunião teve um cariz expositivo, através de fóruns de discussão de casos clínicos,
conduzidos por médicos dentistas, nomeadamente o Dr. Pedro Trancoso, o Dr. Lino Cerejeira, o Dr. José S. Marques, o Dr. Nuno Silva, o Dr. António Mano Azul, a Dra. Ana Jácomo e pelo Dr. João Tiago Ferreira. “Escolhemos atuais e práticos e por isso abordámos temas como a osteonecrose dos maxilares associada a medicamentos, indicações para se fazerem biópsias, atualização dos tratamentos para infeções na cavidade oral. Na parte da tarde procedemos à apresentação de dezenas de casos clínicos reais de cirurgia e de patologia oral, discutindo entre todos os presentes a melhor forma de diagnosticar e
tratar estas situações, num exercício prático que, na minha opinião, correu muito bem e com uma participação do público que é típica das nossas reuniões mas rara nos congressos convencionais.
Essa é também uma imagem de marca da APMO”, referiu o Dr. António Mano Azul.
Ao trazer até aos médicos dentistas uma formação expansiva, que se foca na exploração visual de casos clínicos e na formação para o correto tratamento das lesões dos pacientes, a APMO procura que os profissionais de medicina oral apreendam outras técnicas através de uma exposição dinâmica, tal como indica o Dr. António Mano Azul. “Considero que apesar dos temas da manhã serem de importância fundamental para uma boa prática clínica, uma tarde inteira a ver e a discutir de verdade casos clínicos que são de colegas normais, em consultórios normais, é sempre um ponto altíssimo nas nossas reuniões. O diagnóstico destas situações faz-se muito à custa de ‘educar os olhos’ para percebermos as diferenças entre o que é normal e o que é patológico e a discussão repetida destes casos leva a um mais fácil diagnóstico e sobretudo a uma mais correta decisão terapêutica, beneficiando os nossos doentes. Estou a falar de situações que envolvem desde quistos dos maxilares até doenças inflamatórias, passando por lesões potencialmente malignas até lesões benignas de fácil resolução cirúrgica”.
Alargar a iniciativa ao centro e norte do país
Após o sucesso que esta iniciativa teve entre os profissionais da medicina oral, a APMO deseja no futuro ampliar estas reuniões de formação a todo o país.
“Tendo sido esta uma iniciativa da Secção Regional do Sul da nossa APMO (e do seu vice-presidente, Filipe Freitas), espero que também no Centro e no Norte do País se possam fazer pequenas reuniões de um dia ou meio dia com objetivos semelhantes a esta que fizemos na margem sul do Tejo.
Felizmente temos já um grupo de colegas muito bem preparados para organizarem e para partilharem os seus conhecimentos nesta área, com uma vantagem em relação aos grandes congressos, que é a de não cobrarem à organização o seu tempo e as suas excelentes conferências, dando o seu tempo de forma desinteressada à formação dos colegas mais jovens”, remata o Dr. António Mano Azul.
Médico dentista deve ter cuidados redobrados com pacientes séniores
O Dr. António Mano Azul enaltece a evolução da medicina oral no tratamento eficaz de doenças que outrora foram fatais, alertando, por outro lado, para os cuidados redobrados que o médico dentista deve ter aquando do tratamento de pacientes de faixas etárias avançadas, que necessitam de cuidados específicos. “É importante não
esquecermos que, com os avanços da medicina e com o aumento da esperança média de vida, cada vez mais iremos encontrar nos nossos consultórios doentes muito idosos, doentes polimedicados, doentes que fazem ou fizeram tratamentos médicos e cirúrgicos agressivos para doenças que até aqui eram fatais. Estes doentes precisam de cuidados especiais e apresentam doenças orais específicas da sua situação. Os jovens médicos dentistas sabem isto e esta é uma das grandes áreas de atuação da medicina oral”, salientou o presidente da APMO.