No segundo dia do XXVI Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas a manhã foi marcada, entre outras especialidades, pela Dentisteria, onde foi abordada a temática da restauração dentária através de facetas cerâmicas e resinas compostas.
A iniciar o rumo da discussão esteve o Dr. Jorge André Cardoso, com uma abordagem sintética do tratamento de dentes anteriores através de facetas, dando a conhecer o passo a passo que é realizado para o efeito de tratamento do paciente, com o planeamento, o tipo de materiais utilizados e a preparação necessária.
Seguidamente o Dr. Paulo Cardoso Monteiro abordou as resinas compostas diretas em dentes anteriores. Explicou como deve ser efetuado o processo e os benefícios para o paciente, que são a preservação dos tecidos dentários, menos complicações endodônticas e uma reintervenção mais facilitada e possível de preparação intraoral com uma melhoria estética.
Também na área das facetas de resina composta, discursou o Dr. George Gomes, que enalteceu os aspetos económicos e a reabilitação tecnicamente mais fácil, que indica poder ter limitações em recuperações extensas.
Para terminar a primeira parte da discussão sobre a restauração de dentes, esteve presente o Dr. João Falcão que mostrou a sua preferência pela faceta cerâmica, frisando que não existe uma abordagem cientificamente mais correta. Segundo o palestrante, cabe ao profissional avaliar o caso e decidir o seu método de tratamento, embora reconheça as vantagens que a faceta em cerâmica traz tanto para o médico dentista como para o paciente, nomeadamente a aproximação realista à dentina, o material inerte, o polimento e a durabilidade da cor, assim como a semelhança que este material tem com o esmalte.
Com base em estudos científicos, os autores demonstraram os benefícios de ambas as técnicas, sendo a escolha das mesmas algo pessoal, pois existem fatores de vantagem e desvantagem em cada caso clínico, concluindo, assim, que ambos os métodos de tratamento são boas soluções.
Na segunda parte da discussão dentro da Dentisteria o tema abordado foi restauração de dentes endodonciados e os respetivos tratamentos possíveis.
O início da conferência foi levado a cabo pelo Dr. Vasco Venceslau que referiu quais são as alterações que um dente endodonciado sofre, isto é, perde a sua estrutura dentária, água (desidratação) e ocorre um próprio envelhecimento da dentina que influencia a fratura, sendo a perda de estrutura o fator-chave para o tratamento.
Seguiu-se o Dr. Filipe Franco de Sousa com as vantagens da restauração direta, sustentado por estudos científicos que demonstram que as restaurações diretas posteriores têm uma longevidade a 10 anos e uma taxa anual de insucesso de apenas 1 a 3 %.
Desta forma referiu que a restauração direta é menos agressiva, remove menos estrutura dentária, tem um menor desgaste, um custo mais baixo e facilidade de reparação, embora haja uma maior sensibilidade pós-operatória.
Introduzindo o tratamento da restauração indireta, foi a Dra. Cátia Moreno revelando que os resultados positivos deste tratamento variam também em função dos materiais: resina composta, cerâmica de dissilicato de lítio ou cerâmica feldspática.
As vantagens de optar pelos preparos de overlay em cerâmica são o menor desgaste a longo prazo, assim como uma maior estabilidade e bons pontos de contacto, embora tenha um custo elevado para o paciente e necessite de um maior número de consultas.
A conclusão da discussão assenta mais uma vez na experiência clínica e no julgamento do médico dentista que tem sempre como prioridade a preservação da estrutura dentária.