O JornalDentistry em 2018-12-10
No dia 29 de setembro, o Grupo Montellano realizou a 5ª edição das Jornadas Médicas Clínica Santa Madalena. A inovação e as principais tendências na medicina dentária foram o mote do evento, que deu a conhecer o que de melhor se pratica nas clínicas do Grupo
As V Jornadas Médicas Clínica Santa Madalena receberam este ano mais de uma centena de profissionais de saúde oral que ficaram a conhecer as tendências da medicina dentária onde as Clínicas Santa Madalena estão a apostar.
“O grupo Santa Madalena procura inovar constantemente e manter-se na vanguarda, seja a nível técnico, tecno- lógico, de instrumentação ou de materiais”, disse-nos o Dr. Edgar Ferreira, médico dentista do grupo, que abordou nas Jornadas a utilização de L-PRF em implantologia. O médico dentista partilhou no evento a investigação que está a ser desenvolvida pelo grupo em Coimbra, com o objetivo de otimizar os resultados das reabilitações orais com recurso à utilização de fatores de crescimento.
A investigação representa, de acordo com o Dr. Edgar Ferreira, o compromisso das Clínicas Santa Madalena em “posicionar-se na linha da frente da medicina dentária e trazer inovação até todas as áreas onde atua”.
Novos horizontes no combate à periimplantite
Se, por um lado, o advento de novas técnicas, instrumentos e materiais que prometem tornar os tratamentos mais simples, previsíveis e cómodos para os pacientes pode ser aliciante para o médico dentista, por outro este tem em mãos o dever de ser cauteloso quando opta por seguir as tendências. O Prof. Doutor Sérgio Matos, docente na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Coimbra, chamou a atenção dos médicos dentistas presentes para a necessidade de estes “manterem um espírito crítico” quanto a novas tendências e inovações.
“Mesmo quando falamos de algo em que a experiência clínica não é elevada, é fundamental manter um espírito crítico, ter noção daquilo que está descrito na literatura científica para equilibrarmos a nossa experiência clínica com aquilo que a ciência nos mostra”, afiançou o docente, que tem também colaborado com a MD Academy em cursos de periodontologia, em declarações a O JornalDentistry.
Numa apresentação onde abordou os benefícios da utilização do L-PRF na periodontologia, o Prof. Doutor Sérgio Matos debruçou-se sobre a periimplantite. O docente ressalvou que, apesar da utilização do L-PRF representar um gran- de avanço em relação à periimplantite, este “está alocado apenas à parte do tratamento”. “O nosso principal foco tem de ser a prevenção da periimplantite”, frisou.
No campo da prevenção, o Prof. Doutor Sérgio Matos foi perentório: para uma prevenção efetiva, devem instaurar-se protocolos clínicos muito rigorosos. “Hoje os implantes estão a ser colocados massivamente. Os protocolos aligeiraram-se, e acaba por atualmente não existir a consideração que deveria existir sobre os fatores de risco e a suscetibilidade dos pacientes a esta doença”, realçou.
Ética na medicina dentária
A ética é outros dos vetores que não pode, de forma alguma, estar dissociado do exercício da medicina dentária. A missão de abordar este assunto coube ao Prof. Doutor Josep Ustrell, docente na Universidade de Barcelona e especialista em ortodontia.
O médico dentista defendeu, perante a audiência, que a medicina dentária tem de ser abordada sob um ponto de vista holístico, com o paciente e o seu bem-estar no centro das atenções. “Antes de se iniciar qualquer tipo de trata- mento é necessário falar com o paciente, compreender as suas necessidades, considerar a sua opinião. É fundamental entendê-lo e respeitá-lo”, comentou.
O Prof. Doutor Josep Ustrell chamou ainda a atenção dos profissionais presentes nas Jornadas para a importância de não “standardizar” a prática da medicina dentária. “Eu fujo das normas, porque estão em constante mudança”, disse- -nos. “Cada paciente é diferente e o tratamento deve estar adequado a cada paciente. Não vale a pena seguir as ten- dências cegamente, porque o que funciona bem numas pessoas noutras pode não funcionar da mesma forma”, sublinhou o Prof. Doutor Josep Ustrell.
Numa apresentação onde abordou a ética na ortodontia, o Prof. Doutor Josep Ustrell apoiou-se na sua experiência clínica e afirmou que, nesta especialidade, não basta alinhar o sorriso e alcançar resultados estéticos, é necessário “entender a fisionomia do paciente, verificar se este não terá outros problemas de oclusão, por exemplo, que necessitem e ser tratados e para os quais a ortodontia seja uma opção”, indicou.
Os médicos dentistas, salientou, “têm de começar a encarar os pacientes como um todo e estar atentos às tendências, sem as perseguir e adequando-as a cada paciente”.
A resposta está na comunicação não verbal
Compreender o paciente vai muito além de uma análise do seu historial clínico, ou de um formulário que este preenche. A chave para conhecer e compreender bem um paciente está na sua linguagem corporal, e quando um médico dentista consegue ler o paciente através desta linguagem não verbal consegue mantê-lo “mais calmo, recetivo ao tratamento e motivado para a realização dos procedimentos propostos pelo médico dentista”, afirmou o Dr. Luís de Sousa, do grupo Santa Madalena.
Em conversa com O JornalDentistry, o médico dentista foi ainda mais longe: “A comunicação não verbal é algo a que a maioria dos médicos dentistas não estão atentos, mas que é de extrema relevância quando se pretende transmitir uma mensagem”, disse.
A comunicação não verbal é a base de tudo. Prestar atenção a cada gesto do paciente dá ao médico dentista pistas sobre a personalidade deste e a capacidade de compreender se a pessoa que tem diante de si é recetiva, desconfiada, se está com medo ou nervosa. Mediante esta leitura do paciente, o médico dentista pode elaborar um tratamento que vai muito além de um procedimento médico, criando uma relação de confiança com o seu paciente.
“Certos tratamentos por vezes falham exatamente devido a uma falta de compreensão dos médicos dentistas em relação aos seus pacientes”, adiantou o Dr. Luís Sousa. “Os gestos dos pacientes são bastante importantes, pois dão-nos pistas sobre como estes se estão a sentir, permitindo-nos também saber o que lhes dizer em cada momento. Ler o paciente através dos seus gestos, da sua comunicação não verbal, é fundamental”.
Artigo publicado na edição de novembro do "O JornalDentistry" edição impressa e digital