O JornalDentistry em 2017-4-06
"Depressão. Vamos falar!" foi o mote para assinalar no dia 7 de abril o Dia Mundial da Saúde, depressão e saúde oral afetam-se mutuamente e de forma negativa como demonstram vários estudos científicos.
A má saúde oral é considerado um fator de risco na depressão, sendo que doentes com depressão prejudicam vêm frequentemente a sua saúde oral afetada.
Vários estudos confirmam que doentes de depressão têm mais doenças do foro oral, mas um estudo levada a cabo por uma equipa de investigadores mostra que pessoas com diversas doenças da cavidade oral têm maior probabilidade de vir a sofrer de depressão.
Para Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, “à evidência da prática clínica nos consultórios de medicina dentária juntam-se agora estudos científicos que permitem aprofundar uma relação estabelecida há muito, mas que os dados compilados ajudam a enquadrar, sistematizar e segmentar. A autoestima é determinante na forma como cuidados de nós e pessoas com problemas dentárias têm habitualmente autoestima baixa, são pessoas que evitam sorrir, quando mais rir, que tendem a evitar contactos sociais e que muitas vezes preferem deixar a agravar a situação a tratar-se. Perceber quem são estas pessoas, o que as afeta, como motivá-las e tratá-las é essencial”.
O estudo “The association between poor dental health and depression: findings from a large-scale, population-based study”, liderado por Adrienne O’Neil e Michael Berk, respetivamente das universidades de Deakin e Monash, na Austrália, analisaram os dados de mais de dez mil doentes e concluíram que a depressão está relacionada com fatores objetivos e subjetivos de uma má saúde oral. O estudo também revela que doentes com depressão têm menos cuidados com a saúde oral, como a escovagem dos dentes e o uso de fio dentário. Para os autores é importante ter em conta que a depressão é um fator de risco para a saúde oral e que quanto mais profunda for a depressão maior é a falta de autoestima dos doentes, afetando de forma assinalável a higiene oral diária e consequentemente e de forma negativa a saúde oral.
Este estudo reforça ainda suspeitas de que possa haver uma relação entre a saúde oral e as bactérias, presentes em grande número na boca, e o risco de depressão.
Os autores alertam ainda que, estando provado que a saúde oral é um fator de risco para a depressão, há implicações que têm de ser tidas em conta quer na prevenção quer no tratamento da depressão.
Um outro estudo “Depression, self-efficacy, and oral health: an exploration”, das autoras Megan L. McFarland e Marita Rohr Inglehart, ambas da Universidade de Michigan nos EUA, mostra como a saúde oral pode ser um fator de risco para a depressão.
As autoras analisaram dados de 399 doentes para concluírem que em pessoas com múltiplos problemas de saúde oral a prevalência da depressão é maior e as depressões são mais profundas.
A depressão afeta a capacidade das pessoas lidarem com as tarefas diárias, e, como tal, para as autoras não é surpresa que a depressão possa deteriorar a saúde oral dos doentes.
Ordem dos Médicos Dentistas www.omd.pt