impacto da pandemia de COVID-19 no cancro da boca

Quando as condições  suspeitas são encontradas, agiar prontamente para garantir que as investigações posteriores sigam rapidamente e que o paciente possa entrar na via do tratamento sem demora significativa.

A informação sobre os sintomas dos principais cancros tem sido amplamente divulgada ao público através da televisão, de outros meios de comunicação e de publicações escritas. As pessoas entendem a necessidade de relatar caroços e outros sintomas. Estão cientes dos protocolos de autoexame, que podem realizar regularmente em casa. Estes ajudam a descobrir sinais de uma variedade de cancros. Por exemplo, cancro da mama ou cancro testicular.

O cancro da boca é uma condição em que a deteção precoce assume um significado especial. A taxa global de sobrevivência de cinco anos para o cancro da boca é de cerca de 50%. Mas quando diagnosticado cedo esse número sobe para 90% ou mais.

Estágios de cancro da boca

O progresso do cancro é classificado por etapas. Para determinar estas fases, é tomado em consideração o tamanho do tumor, se se espalhou para os nódulos linfáticos e se os tumores metastáticos surgiram em locais secundários.

Por exemplo; uma área de mucosa afetada com um diâmetro inferior a 20 mm e nenhuma propagação remota será classificada como fase um. Tal área é normalmente visível durante o exame de tecidos moles. O tratamento nesta fase é suscetível de ser bem sucedido com uma intervenção mínima e tem um excelente prognóstico.

Infelizmente, referimos a maioria dos cancros da cabeça e pescoço para tratamento em fases muito mais tardias. Muitos são descobertos nas fases três e quatro quando os resultados clínicos tendem a ser muito menos satisfatórios e é provável que seja necessário um tratamento muito mais agressivo.

Há muitas razões para isto:

• Os pacientes geralmente desconhecem os sintomas e não procuram ajuda profissional até que estes sintomas sejam avançados

• Os médicos ainda não realizam exames de tecidos moles o suficiente

• Muitos pacientes  optam por não comparecer regularmente às consultas de exame dentário

Fatores de risco e sintomas do cancro da boca

Num inquérito realizado nos Estados Unidos, quase todos os médicos dentistas relataram que estavam regularmente a examinar pacientes para sinais precoces de cancro da boca. Apenas cerca de 20% dos seus pacientes se lembraram de ter feito tal exame provavelmente por não terem sido informados pelo médico-dentista. É essencial que digamos continuamente aos nossos pacientes o que estamos a fazer e porque o estamos a fazer; a fim de mantê-los totalmente informados

A situação agravou-se muito durante a pandemia COVID-19. Além disso, a concentração em tratamentos "urgentes" pode ter levado a abandonar temporariamente os exames de tecidos moles, uma vez que estes tradicionalmente faziam parte do protocolo de exame periódico. Outros clínicos ainda não sabem como realizar um exame fiável e precisam de ser submetidos a formação.

Educar a equipa e o público

Certifique-se de que todos os membros da equipa, incluindo membros da equipa não clínica, compreendem a importância da deteção precoce e podem discutir isso e o próprio procedimento com os pacientes.

Inclua informações sobre o cancro da boca em cada consulta de higiene. Tenha informação disponível no seu site, em newsletters e outras comunicações com paciente.

Quando for possível, tenha recursos impressos disponíveis para distribuição pelos pacientes.

Incentivar o autoexame

Encoraje os pacientes a examinarem-se regularmente para sinais precoces de cancro da boca e estar cientes dos sintomas a ter em conta.

O autoexame requer apenas um espelho e um pouco de prática. É ainda mais fácil se parceiros e familiares se examinarem mutuamente.

Todos os detalhes sobre o autoexame são fornecidos no site da Mouth Cancer Foundation onde os folhetos também estão disponíveis para download em inglês.

Encoraje os pacientes a relatar os sintomas precocemente e quando o fazem, certifique-se de que será marcada uma consulta o mais rápido possível. O tempo é essencial.

A pandemia coronavírus tem e continuará a ter efeitos de longo alcance na nossa saúde física e mental. Estimamos que desde o início da pandemia, os consultórios e clínicas dentárias cancelaram milhares de consultas dentárias. Durante o primeiro confinamento na primavera de 2020, as consultórios e clínicas dentárias fecharam, resultando em meses sem exames periódicos ou consultas de tratamento.Os seus efeitos na prestação de cuidados de saúde persistirão durante meses ou anos.Entretanto, temos de atenuar ao máximo estes efeitos. Seguir os conselhos sugeridos poderá minimizar esta situação

Mesmo agora, apesar de se ter investido grandes quantidades de dinheiro e esforço no cumprimento das novas regulamentações e na garantia da segurança dos pacientes e da equipa dentária, muito poucas clínicas dentárias  conseguiram regressar à sua capacidade pré-COVID.

Fonte:  Mouth Cancer FOUNDATION