O JornalDentistry em 2020-8-24

NOTÍCIAS

Número de consultas caiu em 70% das clínicas e consultórios de medicina dentária

Um inquérito realizado pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), em agosto, mostra que em 71% das clínicas e consultórios a faturação caiu quando comparada com os meses de maio e junho do ano passado, sendo que quase 20% dos inquiridos reportam uma quebra superior a 40%, e 35% registaram uma descida entre 21 a 40%.

Participaram no inquérito 4.136 médicos dentistas, de um total de 10.653 membros com inscrição ativa na OMD. 

O inquérito pretendeu fazer um primeiro balanço do impacto que a Covid-19 está a ter nos consultórios e clínicas de medicina dentária após a reabertura da atividade. 

Por imposição do Governo, os médicos dentistas estiveram parados entre meados de março e 4 de maio, atendendo apenas situações urgentes ou inadiáveis. 

Entre os que responderam ao inquérito, perto de 68% refere que o número de consultas diminuiu após a reabertura. Para 46% dos que participaram no inquérito, o número de consultas diárias baixou entre uma a cinco, para 35% houve uma redução de seis a 10 e para quase 14% houve uma quebra superior a 10 consultas diárias. 

Para a reabertura das clínicas e consultórios de medicina dentária foram adoptadas uma série de medidas de prevenção de contágio da Covid-19 que obrigam, entre outras, à desinfeção dos gabinetes entre consultas. 45% Dos médicos dentistas reportam um aumento entre 15 a 30 minutos no intervalo entre consultas, 30% até 15 minutos e 15% mencionam um intervalo superior a 30 minutos. 

De salientar que 99,5% dos médicos dentistas não se contaminou em ambiente clínico, o que demonstra que as medidas aplicadas são adequadas e que os médicos dentistas sabem o que estão a fazer no que concerne à infecção cruzada. 

Entre os médicos dentistas, 40% considera que os doentes não têm receio de contágio nas consultas, 30% admite que existe algum medo e 25% diz que talvez. 

Há 48% de inquiridos que relatam menor disponibilidade financeira dos doentes para prosseguir tratamentos planeados. 

Miguel Pavão, bastonário da OMD, salienta que “estamos a viver uma época sem precedentes na medicina dentária. E se podemos concluir que o impacto nestes primeiros meses é enorme, não sabemos o que irá acontecer no futuro, nomeadamente, se existir uma segunda vaga. De todas as crises que já atravessámos esta ameaça ser a pior”. 

Questionados sobre a sua situação salarial e apoios sociais durante o período em que as clínicas e consultórios de medicina dentária estiveram com a atividade limitada, 46% dos médicos dentistas dizem que não auferiram de qualquer rendimento ou apoio social. Há 8% que recebeu até 250 euros, perto de 18% que conseguiu até 499 euros e outros tantos que obtiveram até 999 euros. 

Quase 80% dos inquiridos aderiu ao regime de lay-off simplificado para os funcionários e 26% beneficiou do programa ‘Adaptar’ para microempresas ou PMEs. Menos de 5% dos médicos dentistas conseguiram aderir ao lay-off para sócios- gerentes e 9% pediram apoios, mas não os conseguiram. 

Entre as medidas adoptadas pelos médicos dentistas para mitigar os efeitos do encerramento e da redução do número de consultas, 33% confessa que reduziu ou abdicou do salário enquanto sócio-gerente, 15% reduziu o horário de trabalho dos médicos dentistas e quase 11% mantém funcionários em lay-off. 

Para o bastonário da OMD, Miguel Pavão, é “urgente que o Governo adopte medidas específicas para a medicina dentária. Há linhas de apoio que devem ser adaptadas às necessidades e requisitos da medicina dentária, que não se enquadra em apoios já existentes. No caso dos médicos dentistas, o Governo tem muito trabalho a fazer. Deveria ter olhado de imediato para as empresas desta área, tendo em conta que foi o próprio Executivo, através do Ministério da Saúde, que suspendeu a nossa atividade. Quase 91% dos médicos dentistas que participaram no inquérito têm microempresas e quase 7% são PMEs com menos de 10 funcionários. É urgente apoiar estas empresas, sob pena de a situação económica que o País atravessa resultar em mais prejuízos. É importante lembrar que 98% dos cuidados de saúde oral prestados à população são realizados por privados, é a saúde oral da população que está em risco e Portugal já tinha antes da pandemia um dos piores índices de acesso a cuidados de saúde oral da Europa”. 


 

Recomendado pelos leitores

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa lidera na investigação científica portuguesa
NOTÍCIAS

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa lidera na investigação científica portuguesa

LER MAIS

A FDI (World Dental Federation) defende a saúde oral na 77ª Assembleia Mundial da Saúde em Genebra
NOTÍCIAS

A FDI (World Dental Federation) defende a saúde oral na 77ª Assembleia Mundial da Saúde em Genebra

LER MAIS

Prof. Dr. André Mariz de Almeida coordena missão humanitária no Quénia
NOTÍCIAS

Prof. Dr. André Mariz de Almeida coordena missão humanitária no Quénia

LER MAIS

Translate:

OJD 118 JUNHO 2024

OJD 118 JUNHO 2024

VER EDIÇÕES ANTERIORES

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.