JornalDentistry em 2023-3-20

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OMD envia carta a diretores escolares a apelar à promoção da escovagem no Dia Mundial da Saúde Oral

Ordem dos Médicos Dentistas alerta para importância da prevenção e das consultas de rotina. Caiu percentagem de pessoas que escovam os dentes, pelo menos, duas vezes ao dia e 65,2% das crianças com menos de 6 anos nunca visitaram o médico dentista.

No Dia Mundial da Saúde Oral, em que se pretende sensibilizar a população para a relevância da saúde oral enquanto elemento fundamental do bem-estar geral dos indivíduos, a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) dirigiu uma carta aos diretores escolares com vista a sensibilizá-los para a mais-valia da prevenção em matéria de saúde oral, com especial destaque para a importância da promoção da prática da escovagem dos dentes em ambiente escolar, lembrando que as doenças orais constituem, pela sua 

elevada prevalência, um dos principais problemas de saúde da população infantil e juvenil. 

“As escolas são locais privilegiados para a transmissão da informação e capacitação das crianças e jovens, sendo, por excelência, palcos indutores de comportamentos. Assim, as atividades de promoção da saúde, designadamente da saúde oral, e de prevenção da doença devem estar integradas nas atividades regulares das escolas, devendo os responsáveis educativos ser envolvidos em projetos e programas de saúde. (...) Tal deverá passar pela promoção, (re)implementação e/ou reforço da escovagem dentária em todas as escolas do país e pela execução do bochecho de flúor que os serviços de saúde fornecem gratuitamente”, lê-se na missiva enviada à Associação Nacional de Dirigentes 

Escolares e à Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, e que seguiu, também, para o Ministério da Educação. 

De acordo com o bastonário da OMD, Miguel Pavão, “além de pedagógico, a escovagem dos dentes nas escolas promove hábitos e rotinas de higiene oral e é fundamental na prevenção de doenças orais, não 

esquecendo que os mais novos são capazes de influenciar positivamente os padrões das próprias famílias, potenciando os ganhos desta medida que, a par das consultas de rotina, é dos comportamentos mais determinantes que se podem adotar em termos de prevenção. A importância da promoção da saúde oral nas escolas cedo foi reconhecida, ainda na década de 80, mas este é um trabalho que não cessa e é fundamental reforçar esta aposta”. Desta forma também se responde às necessidades identificadas pelos próprios jovens e que estão plasmadas na Agenda da Juventude para a Saúde 2030. 

Dados do último Barómetro da Saúde Oral da OMD indicam que, relativamente aos hábitos de visita ao médico dentista, apenas 67,4% dos portugueses o fazem, pelo menos, uma vez por ano e que entre os menores de 6 anos 65,2% nunca visitaram o médico dentista, ao que se soma o facto de apenas 51,8% dos menores de idade utilizarem o cheque-dentista quando recorrem a uma consulta. As conclusões evidenciam, ainda, que menos de um terço dos portugueses tem a dentição completa, e revelam que diminuiu, pelo terceiro ano consecutivo, o hábito de escovar os dentes. Também a utilização de fio dentário e elixir, embora tenha aumentado, não atinge os níveis ideais. 

O bastonário frisa que “há muito ainda a fazer no sentido de melhorar os índices de saúde oral dos portugueses. Sem saúde oral, não há saúde geral e só com o contributo de todos (Governo, organizações não-governamentais, ordens, associações, comunidades e indivíduos), poderemos alcançar bons resultados em saúde”. 

Bons resultados em saúde dependem da aposta na prevenção, mas também de uma verdadeira política de cuidados de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde (SNS), por forma a diminuir as barreiras no acesso. A OMD assiste, assim, com bons olhos ao retomar do diálogo no sentido de relançar o programa Saúde Oral Para Todos, com a criação de um grupo de trabalho que, até maio, apresentará uma proposta de estratégia para 2023-2025. 

“A definição de uma estratégia que contemple a integração dos médicos dentistas no SNS, através da criação da prometida carreira, a reestruturação do cheque-dentista e o planeamento dos recursos humanos, equipamentos e materiais” são, para o bastonário, o ponto de partida para se “criarem as bases do acesso universal à medicina dentária”. “Não é possível continuar sem agir, sobretudo quando estão disponíveis fundos estruturais que não podem ser desperdiçados. O Plano de Recuperação e Resiliência pode servir para reformar e reestruturar uma dimensão da saúde que não tem os alicerces ainda suficientemente sólidos e estabilizados.” 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as doenças orais estão entre as doenças não transmissíveis mais comuns em todo o Mundo, afetando cerca de 3,5 mil milhões de pessoas, e é urgente a aposta na prevenção. 

Como forma de assinalar esta efeméride, a OMD está a promover a semana da saúde oral, durante a qual tem divulgado, nos seus meios de comunicação, mensagens da campanha lançada pela Federação Dentária Internacional, promovendo, desta forma, a literacia em saúde oral. O objetivo é alertar para a importância de manter a boca saudável em todas as fases da vida, sensibilizando, em simultâneo, para o impacto das doenças orais na saúde sistémica, na socialização, e no absentismo laboral e escolar. 

Esta segunda-feira, Dia Mundial da Saúde Oral, a OMD organiza um evento comemorativo na Ilha do Faial, nos Açores, que se divide em três partes: visita a duas unidades de saúde; ação educativa na Escola Básica Integrada da Horta e reunião com médicos dentistas que exercem na Região Autónoma dos Açores. Esta ação tem como foco dois temas: o impacto dos estilos de vida saudável e da prática desportiva na saúde oral e a saúde oral no âmbito da saúde escolar. 


As doenças orais estão entre as doenças não transmissíveis mais comuns em todo o Mundo, afetando 3,5 mil milhões de pessoas.

 

 

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