Tratamento com células estaminais revela-se eficaz no controlo de formas agressivas de esclerose múltipla

Esta terapia parece ser particularmente eficaz em doentes com Esclerose Múltipla Surto-Remissão (EMSR), um tipo de EM em que se intercalam episódios agudos de agravamento dos sintomas com períodos de regressão dos mesmos. Uma equipa de investigadores, liderada pelo Dr. Nash, do Colorado Blood Cancer Institute, desenvolveu um ensaio clínico em que 24 doentes com EMSR foram transplantados com as suas células estaminais hematopoiéticas: três anos após o transplante, 78% dos doentes mantiveram-se em remissão sem necessidade de medicação para a patologia, não se observando progressão do grau de incapacidade nem novas lesões neurológicas e, cinco anos depois, 69% dos pacientes continuavam em remissão. Outro estudo conduzido pela equipa do Dr. Muraro, observou que 73% dos doentes com EMSR transplantados se mantiveram estáveis após cinco anos, sem agravamento dos sintomas. Por último, uma investigação liderada pelo Dr. Casanova observou uma diminuição no grau de incapacidade e frequência de surtos em doentes com EMSR transplantados, que se manteve estável ao longo de um período de seis anos e com excelentes resultados relativamente à segurança do tratamento. Estes estudos indicam que a transplantação hematopoiética autóloga se traduz em melhorias substanciais na qualidade de vida e controlo da EM e que, futuramente, mais pacientes poderão vir a beneficiar de terapias desta natureza, capazes de alterar o curso da doença e de proporcionar longos períodos de remissão, sem recurso a medicação. 

“Há mais de 20 anos que se estuda a utilização de transplantes hematopoiéticos no tratamento de formas agressivas de EM, com resultados muito animadores. Estes resultados mais recentes, porém, são ainda mais conclusivos e indicam que a terapia com células estaminais do sangue periférico da própria pessoa poderá proporcionar um período longo de remissão dos sintomas, sem necessidade de recorrer a tratamentos farmacológicos”, considera a Dra. Bruna Moreira, Investigadora no Departamento de I&D da Crioestaminal. 

A EM é uma doença autoimune crónica em que o sistema imunitário ataca as células do sistema nervoso central da própria pessoa, iniciando um processo de neurodegeneração. Os sintomas mais  comuns são a perda de força muscular, rigidez, dificuldades em andar e em manter o equilíbrio e dor crónica. A doença afeta cerca de 2.5 milhões de pessoas em todo o mundo e, em Portugal, estima-se que existam cerca de 5 mil casos. Geralmente, manifesta-se no início da idade adulta, sendo que as mulheres têm uma probabilidade três vezes maior de desenvolver a doença. 

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João Duarte – jduarte@atrevia.com