O JornalDentistry em 2018-5-07
Recentemente, a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) publicou um diagnóstico à empregabilidade em Portugal. A Ordem apresentou um trabalho que sintetizava o mercado da medicina dentária, relacionando-o com a profissão.
Um trabalho muito bem realizado, note-se, com inúmeros dados que podem orientar as atividades da classe.
Permitir-me-ei comentar alguns destes dados, apenas, dado que o trabalho é extenso e não haveria como nos determos em todos.
Confiança e humanização, dois fatores que fazem a diferença
Os drivers de escolha, título de um dos segmentos abor- dados, mostra-nos que a procura pelos profissionais se dá, principalmente, pela confiança e recomendação de outras pessoas, o sempre essencial veículo de comunicação “boca a boca”.
Lembramos que, para que existam recomendações, é necessário mais do que apresentar resultados positivos. É necessária competência. Espera-se competência de todos os profissionais, apesar de não ser sempre assim que funciona. A escolha e as indicações decorrem de outros fatores dife- renciadores, que são percebidos pelos pacientes durante os atendimentos.
Por norma, a humanização dos pacientes, o comprome- timento e a forma personalizada de tratar cada pessoa tem um peso considerável, tornando-se determinante para indi- car ou não um profissional.
Redes sociais – uso deve ser criterioso
O estudo chama a atenção para o facto de a publicidade e outras ferramentas de marketing terem uma resposta muito baixa. Um estudo mais aprofundado de como tudo isto está a ser processado talvez pudesse ilustrar melhor esta perfor- mance, com muito pouca intensidade.
As redes sociais, a um ritmo cada vez maior, podem auxi- liar, desde que a sua utilização seja equilibrada e ética. Estas são, sem sombra de dúvidas, um novo caminho a ser trilha- do, que certamente revelará outras perspetivas de aproxi- mação e comunicação com os pacientes.
Uma informação, também muito importante, diz respei- to ao aumento do número de utentes - 44% dos médicos dentistas confirmaram um aumento das consultas, em 2017, havendo menos profissionais a mencionar uma diminuição do número de utentes, face ao estudo referente a 2016. São dados que reforçam uma visão mais otimista da situação atual da medicina dentária em Portugal. Se compararmos com o Brasil, é notadamente observada pelos profissionais uma diminuição acentuada, considerando as mesmas ques- tões de aumento ou manutenção de pacientes.
Na mesma análise, considerando o contexto económico como balizador de possíveis barreiras para maior crescimen- to ou mesmo diminuição, foram executadas algumas açõe
para a reversão, como por exemplo facilitar o pagamento e ajustar os honorários. Comentemos estes dois temas, os mais citados na pesquisa. Facilitar o pagamento, melhorando as condições de como ele é formatado, com o aumento do número de parcelas, seguramente possibilita melhores resultados. Já o ajuste de honorários, diminuindo o preço, pode enviar aos pacientes uma mensagem de que teríamos margens de lucro mais do que suficientes para assim agir- mos. Se isso é real, o mercado, em área alguma, consente com isso. As margens tendem a ser mais justas, com menor retorno, mas ainda dentro de um patamar superior ao da maioria das taxas praticadas por qualquer fundo de investimento.
Evidentemente o melhor seria não partirmos para a segunda hipótese, de ajustar para baixo os honorários. A sensibilidade para termos valores condizentes com o merca- do, sempre, tende a aumentar positivamente o número de pacientes que aceitam o plano de tratamento e consequentemente concordem com a execução do mesmo.
Uma das formas que por norma se sugere para que isso não seja uma barreira, aquando da formatação do planeamento do tratamento, é dividir o mesmo em prioridades. O facto de, ao apresentar o plano, enfatizar-se as necessidades de saúde num primeiro momento e as possibilidades estéticas em um segundo momento, pode permitir uma adequação do paciente às condições financeiras exigidas para o seu cumprimento.
Entende-se isso como forma de adiar a execução completa do planeamento e não o seu cancelamento puro e simples. Saúde como prioridade máxima. Estética como trabalho complementar. Ambos, absolutamente importantes, mas cada um a seu tempo. Conhecimento e experiência, que compõem a sabedoria do profissional, são indispensáveis para administrar positivamente estes processos.
Muitos outros dados são relatados neste relatório da OMD, os quais devem ser avaliados com muitas reflexões, que me fazem recomendar a sua leitura.
— Autor: Dr. Celso Orth - Graduado em Medicina Dentária - UFRGS; MBA em Gestão Empresarial - Fundação Getulio Vargas; Educador Físico - IPARS; Membro Fundador da Academia Brasileira de Odontologia Estética; Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética; Palestrante de Gestão na Prestação de Serviços na área da saúde; Reabilitador que trabalha em tempo integral na Clínica Orth - Rio Grande do Sul - Brasil.
Para enviar questões e solicitar esclarecimentos: celsoantonioorth@gmail.com
Artigo publicado no “O JornalDentistry” edição impressa e digital de abril de 2018