O JornalDentistry em 2018-7-03
Sempre que abordamos este assunto em cursos ou palestras, a resposta é quase unânime e afirmativa, entre os participantes. Conhecemos o suficiente para que a clínica não pare, mas a verdade é que a clínica poderia avançar mais
E se a pergunta mudar de significado: a gestão como um todo é eficaz ao ponto de trazer tranquilidade em relação a curto, médio e longo prazo? Neste caso as respostas negativas, se não forem também unânimes, predominam em alta percentagem.
Porque é que estas respostas são tão discrepantes, ao ponto de uma negar a outra em proporção direta?
A explicação pode residir, desde que haja a admissão resoluta de um mea culpa, na falsa impressão que temos do conhecimento da nossa clínica num plano geral, ao mesmo tempo que desconhecemos as ferramentas e os conteúdos mais específicos de gestão.
Evidentemente que desconhecemos a gestão profissional, pelos descaminhos dos ensinamentos da graduação, que nunca prosperaram neste tema. As variáveis que impactam estas ações são inúmeras e, coincidentemente ou não, requerem habilidade para lidar com conflitos e pessoas. Estes últimos transitando em níveis com propriedades e complexidades próprias.
Vamos supor que o conhecimento básico, mas essencial, já temos: os custos fixos da clínica estão claros e controlados. Os custos variáveis podem estar associados a uma produção maior ou menor. Este conhecimento, mesmo sendo básico, possui alta relatividade no domínio da gestão.
Compreender o quanto isso pode modular e influenciar o funcionamento de uma clínica, desde as questões relacionadas com salários até às que aparentam ser mais simples, como a fatura da água, luz, telefones e produtos utilizados na limpeza, pode constituir uma diferença na forma de gerir.
Quando temos a consciência de quanto custa a hora para- da, aquela não produtiva, por uma falta ou cancelamento da consulta, começamos a entender mais profundamente o cuidado que devemos ter na hora de lembrar e ou confirmar a vinda do paciente. O que parece uma simples hora parada num dia pode, sempre que estatisticamente computadas e somadas as várias horas, representar um valor impressionante ao final de um ano.
Imaginemos um dia parado, dois dias ou até mesmo uma semana. Agora, calculemos pelo valor do dia para o custo que vamos ter, independentemente da clínica ter ou não produzido. O custo fixo estabelecido de um dia, ou de uma hora, acontece independentemente de termos ou não pacientes. Ele está ali, trata-se de um “fantasma” real que assombra sempre que computamos os dados da sua representatividade.
Retornando às perguntas iniciais, enfatizemos a questão com base nos custos fixos. Está muito claro para todos o custo de uma hora não produtiva? Está claro o valor de um dia parado?
Acredito e estimulo sempre os meus alunos a estudarem mais intensamente os meandros da gestão, que são, provavelmente, instrumentos indispensáveis para organizar a clínica num espectro mais amplo. Esta estruturação, inadvertidamente, não pode ser somente da parte técnica e humana, mas também e necessariamente a parte burocrática, que acaba envolvendo os números, sensíveis ao ponto de nos proporcionarem uma melhor condução da nossa clínica.
Precisamos libertar-nos da dificuldade de olhar para estes números, das cicatrizes passadas e interiorizadas por ditos populares que não representam o momento atual. Como por exemplo: “a saúde é só fazer o bem e não importa a quem” ou ainda “a saúde não tem preço”.
Incontestavelmente, a saúde tem custos e é com eles que temos que aprender a lidar.
Dr. Celso Orth - Graduado em Medicina Dentária - UFRGS; MBA em Gestão Empresarial - Fundação Getulio Vargas; Educador Físico - IPARS; Membro Fundador da Academia Brasileira de Odontologia Estética; Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética; Palestrante de Gestão na Prestação de Serviços na área da saúde; Reabilitador que trabalha em tempo integral na Clínica Orth - Rio Grande do Sul - Brasil.
Para enviar questões e solicitar esclarecimentos: celsoantonioorth@gmail.com