A consultora Delloite, no seu trabalho “2015 Global health care Outlook”, perspetivava para 2015 quatro grandes temas para o setor da saúde: custos, adaptação ao
mercado, inovação digital e regulação e compliance.
Temas já anteriormente abordados pela MedSUPPORT neste espaço. No presente artigo debatemos o impacto da regulação no mercado, especificamente no crescimento económico.
A este propósito recomenda o referido estudo: “Faz sentido, do ponto de vista clínico e de gestão de negócio, assumir uma abordagem baseada no risco, no planeamento,
execução e monitorização da compliance num ambiente fortemente regulado e com intensidade de riscos.”
Assim aconteceu de facto em 2015. O contexto regulatório evoluiu, em concordância com a transformação nacional e o contexto europeu em que estamos inseridos. O estudo refere, ainda, que as alterações ao ambiente em que se desenvolvem as atividades de prestação de serviços de saúde trazem mais desafios a questões relacionadas com a garantia da segurança e privacidade dos utentes. É um facto que hoje o cumprimento regulatório de requisitos de funcionamento já não é um evento fechado no tempo, associado à autorização para o funcionamento: transformou-se numa gestão corrente, diária até.
Manter uma licença de funcionamento válida, manter a equipa da unidade de saúde informada e capacitada para responder a alterações regulatórias é, em si mesmo, um
capítulo de gestão adicional a ter em conta.
No contexto atual em que a informação é norteadora, o dever de prestar informação impõe um elevado ritmo de vigilância pelo gestor das unidades de saúde. Tome-se como exemplo os 10 dias úteis de que uma unidade de saúde dispõe para remeter à Entidade Reguladora da Saúde as comunicações (reclamações ou de outra natureza) que o seu utente dirigiu à unidade.
É sabido, ou pelo menos sentido, que há mais trabalho a fazer, e mais trabalho implica mais custos. Importa, pois, tentar compreender o impacto global que esta nova realidade traz ao setor. A organização para a cooperação e desenvolvimento
económico defende a quantificação do impacto das políticas regulatórias e apresentou já resultados desteprojeto*.
A intenção da regulação, de acordo com a OCDE, é a correção das falhas de mercado e atribuição de eficiência e crescimento económico, especificamente em setores em que existe a expectativa social de acesso aos bens e serviços, como é o caso da saúde. A OCDE recomenda que as políticas de regulação sejam criadas atendendo simultaneamente aos custos e benefícios da regulação mas também à saúde e segurança e ao bem-estar social e ambiental.
Um dos exemplos apontados pela OCDE, como efeito da regulação em saúde, é a alteração dos custos de instalação e manutenção de uma unidade de saúde no panorama legal que atuam como uma barreira de acesso ao setor.
Depreende-se do exemplo que as unidades sem capacidade de cumprir os mínimos legais de funcionamento ou que não são capazes continuar (porque o negócio estaria assente em custos irreais) ou projetos inviáveis, serão retiradas do sistema ou impedidas de iniciar, o que traz mais estabilidade às unidades em funcionamento.
Apesar deste estudo apresentar resultados variáveis, dependentes do contexto, apresenta casos em que uma regulação “smart” apoia o crescimento económico e
deixa também indicações do que a regulação deve ser: consistente, para evitar a incerteza no setor privado, e transparente na sua operacionalização e efeitos, entre
outros.
A MedSUPPORT continuará acompanhar estes e outros estudos, sabendo que, seja qual for o quadro regulatório em vigor, há soluções “smart” para navegar pela compliancelegal e fomentar crescimento.
*The economic impact of regulatory policy: a literature review of quantitative evidence- OCDE
Fonte: MedSupport - publicado no O JornalDentistry nº27 março 2016 página 30
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